Crianças e tecnologia: o aumento do uso de telas na infância durante a pandemia

Imagem: Unsplash

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Giulia Castro (3º semestre)

As crianças de hoje já nasceram e cresceram rodeadas por telas. Atualmente, com a pandemia, a tecnologia se tornou ainda mais indispensável no dia a dia, tanto dos pais quanto das próprias crianças, que buscam os recursos eletrônicos tanto para se divertirem quanto para atribuições de rotina, como as aulas online. Inevitavelmente, o tempo de tela dos pequenos aumentou. Mas até que ponto o uso de telas na infância pode ser benéfico ou maléfico?

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o ideal é evitar ao máximo a exposição de crianças menores de dois anos às telas, mesmo que passivamente. Para crianças de dois a cinco anos, o tempo ideal seria uma hora por dia. E, para as que estão na faixa etária entre seis e dez, no máximo duas horas por dia. Além disso, a associação destaca a importância da supervisão do conteúdo que está sendo consumido pelas crianças.

Mas é claro: a realidade é bem diferente. Com muitos pais trabalhando em casa, se torna inviável um tempo de tela tão reduzido. Nesse sentido, a educadora parental e criadora de conteúdo Fernanda Salles esclarece que o principal problema está em quando a criança deixa de realizar outras atividades. “O grande problema está quando a criança substitui atividades essenciais à saúde e ao desenvolvimento humano como socializar, dormir, brincar, interagir e se exercitar, por tempo em frente às telas”, explica Fernanda.

Dentre os principais pontos negativos do uso de telas na infância, Fernanda destaca que pode causar prejuízos e efeitos negativos para a saúde na área do sono, da atenção, do aprendizado, do sistema hormonal (com risco de obesidade) e da regulação do humor (com risco de depressão e ansiedade).

Ao falar sobre o aumento do uso de telas na pandemia, a especialista aponta que as crianças não precisam, necessariamente, estar entretidas 24h por dia e que, pelo contrário, o tédio tem uma função importante para o desenvolvimento.

“É a partir desses momentos de ‘não ter nada pra fazer’ que elas criam, imaginam e vivem suas experiências, e a verdade é que nós tiramos deles essa capacidade nata quando ligamos as telas a qualquer sinal de frustração. Mas, em tempos de pandemia, as coisas ficaram mais complicadas, todos estamos mais de frente às telas”, afirma Fernanda. Segundo ela, é recomendável dar espaço para a criança criar, deixando disponíveis a ela lápis, massinha, jogos, lego, quebra-cabeças, e chamá-la para ajudar nas tarefas de casa.

Por fim, ela ainda deixa dicas sobre o que é importante, quando o uso de telas é inevitável: monitorar o acesso da criança e qual tipo de conteúdo está sendo consumido. “Fique atento ao conteúdo, não permita o uso dentro de quartos, pois quanto mais tempo nas telas, maior a probabilidade de ter acesso a conteúdo inapropriado”, conclui.