Coletivo Chute promove ideais feministas e combate o preconceito

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“Promovemos e incentivamos o debate online para introduzir e aprofundar temas ligados ao movimento feminista, já que vemos as redes sociais como uma ferramenta capaz de mobilizar pessoas, dividir pensamentos e, principalmente, organizar e direcionar esforços e ações de combate feminista e humanitário”.  Assim é definido o Coletivo Chute por seus membros gestores, alunos e ex-alunos da ESPM-SP.

Criado a partir de uma postagem em um blog pessoal que, depois de compartilhada no Facebook, atraiu muitas pessoas que pensavam da mesma maneira, o Coletivo vem se tornando uma ferramenta capaz de mostrar os absurdos da sociedade em relação ao sexo feminino por meio de diversas interfaces.
“Ele nasceu de um depoimento que fiz sobre abusos que aconteciam na festa da minha faculdade. Hoje, nossa maior preocupação é dar poder às mulheres. Queremos que elas vejam a força que elas têm para mudar a realidade”, conta Juliana Monteiro, ex-aluna da ESPM-SP e atual administradora do Chute.

“Buscamos retratar desde o namorado que não trata uma mulher da forma adequada, o pai que a reprime, o chefe que vive tolhendo os sonhos dela, até a menina que sofre abusos mais traumatizantes – apesar de que todos eles são sufocantes”, diz ela.
No entanto, o movimento feminista ainda é visto por muitos como reacionário, em função de seu passado: a luta pelo voto feminino, pelos direitos das mulheres e a queima de sutiãs no período da Women’s Libertations dos EUA são alguns pontos da história que foram marcados pela violência e pela sua intensa repressão. “Acredito que o movimento ainda sofra muitos estigmas justamente por que a maioria das pessoas não gasta tempo pesquisando e se aprofundando antes de opinar, e isso é complicado”, diz Juliana. E completa: “Além disso, outro grave problema é que o mundo hoje é regido de homens e para homens: 97% dos CEOs de grandes empresas são homens. Em um cenário como esse, não tem como um movimento que fala sobre mulheres não enfrentar obstáculos”.
Associado a essa visão, o movimento também lida com muito preconceito pela parte masculina. “A maioria não só quer rever seus privilégios como também não tem interesse, por exemplo, em ver mulheres competindo de igual para igual no mercado de trabalho, ou exigindo ‘direitos’ como respeito e empatia em um relacionamento. Mulheres que fazem esse tipo de reivindicação não têm seus atos vistos como algo positivo”, ressalta a ex-aluna.
O grupo do Coletivo Chute recebe, diariamente, postagens de seus membros que envolvem qualquer tipo de preconceito ou racismo. São notícias de portais conhecidos, fatos que vivenciaram no dia-a-dia e até mesmo fotos que veem nas respectivas linhas do tempo que exemplificam nitidamente como esses conceitos. “As histórias são muitas e diárias. Hoje, por exemplo, uma amiga me contou muito chateada que o chefe dela frequentemente pede para ela agendar os táxis dele ou fazer impressões – sendo que, para os meninos, ele nunca pediu nada tão operacional, apesar de serem igualmente qualificados. No fim de semana, outra me contou que seu pai a proibiu de sair de casa com uma roupa que era ‘curta demais, por que isso é coisa de piriguete(sic)’, enquanto o irmão se vangloriava de ter beijado e feito sexo com inúmeras mulheres”, conta a administradora da página. E brinca: “Se eu fosse te listar tudo que vejo, creio que escreveria uma bíblia!”.
Juliana ainda completou explicando como o feminismo fazia parte de sua vida: “O feminismo me deu algo que eu desconhecia: amor próprio. Saber que eu tenho meu valor para o Universo independentemente do meu peso, aparência, de quantos homens eu já beijei, etc. O feminismo é o meu grito de independência das amarras que a sociedade me impôs por muito tempo. E é uma delícia ser livre e dona de mim. Por isso que o feminismo permeia minha vida diariamente e luto para levar isso para outras garotas”, diz a feminista.

O Coletivo Chute é um grupo aberto no Facebook que conta com mais de 1.600 membros, sem qualquer distinção de sexo. Para conhecer mais, visite a página no Facebook, siga o twitter do grupo (@coletivo_chute) ou mande um email para coletivochute@gmail.com.

 

Bianca Giacomazzi (2º semestre)