Memórias do Fotojornalismo – Chi Modu

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Larissa Regina Veríssimo Crippa – (2º semestre)

Se você é fã de rap, provavelmente conhece grandes figuras como Tupac, Notorius Big e Nas. E também já deve ter visto as fotos que estão aparecendo agora desses e outros astros. O que poucas pessoas conhecem, é a mente por trás dessas obras. Christopher Chijioke Modu, ou apenas Chi Modu, seu nome artístico, é um dos fotógrafos mais importantes da cultura hip hop. Chi emigrou com a família para os Estados Unidos em 1969, durante a Guerra Civil Nigeriana, seu país natal. A profissão de estatístico do pai e a formação da mãe em processamento de sistemas de computador e contabilidade foram responsáveis por prover uma qualidade de vida acima da média para os afro-americanos da época. Mesmo com sua família retornando para a Nigéria, Chi Modu permaneceu nos Estados Unidos e se graduou na Lawrenceville School em Nova Jersey. Em seguida, obteve bacharelado em agronegócio e economia pela Rutgers University’s Cook College em 1989. Em 1992, recebeu um certificado de fotojornalismo e fotografia documental do Centro Internacional de Fotografia, em Nova York. Assim, o profissional começa sua trajetória, trabalhando para The Source, uma revista da época, em que se tornou diretor de fotografia. Foi no veículo que o fotógrafo desenvolveu relacionamento com os grandes nomes do movimento hip hop, quando muitos deles ainda não eram famosos. Lá, começou a ganhar fama e reconhecimento, sendo responsável por 30 capas icônicas do periódico e centenas de registros de momentos únicos.

Chi é aclamado e reconhecido por apreciadores do meio por seu trabalho único e empático, retratando os artistas além de sua face profissional, muitas vezes cultivando até relações de amizade.

Chi Modu adotava outras medidas para enaltecer os seus, como ele mesmo denominava, dando oportunidades para colegas não brancos e combatendo o racismo estrutural, não deixando que a desvalorização o descredibilizasse. Um bom exemplo disso foi o movimento conhecido como Uncategorized, onde o artista tomou duas medidas: criar uma conta no Instagram para se tornar acessível e espalhar suas fotos em outdoors em locais fundamentais nos Estados Unidos. A ideia era ultrapassar o gatekeeping dos curadores de museus e galerias do mercado de arte e exibir as fotos diretamente para o público, deixando o povo decidir o valor das obras. O movimento não só espalhou o nome de Chi Modu pelas ruas novamente, como o fez ser notado pelos museus. Ainda assim, a ideia inicial de popularizar e tornar acessível a exposição permanecia, e foi com essa conduta que o artista exibiu o corpo de seu trabalho em Heliópolis (SP), mesmo tendo credibilidade para estar no MIS (Museu da Imagem e do Som), por exemplo.

O fotografo faleceu em maio de 2019, apesar de canais oficiais de Chi não terem anunciado o motivo de seu morte, muitos seguidores especularam câncer. A família prefere não falar sobre isso, e que o que fique em evidencia sobre Chi Modu sejam seus trabalhos que revolucionaram a cultura do rap, até hoje fotógrafos de ofícios semelhantes sentem o peso de seu talento, “Depois de conhecer o trabalho de Chi Modu, meu modo de fotografar mudou completamente. Hoje, não existe foto de rapper que eu vá clicar sem ter em mente a profundidade que ele atingiu em contar histórias“ afirma o fotógrafo brasileiro João Victor Medeiros.