Mateus Camillo fala sobre mídias sociais no jornalismo em Aula Magna

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Bruna Bonato e Gabi Bessa (1º semestre)

 

Na última quarta-feira (16), na ESPM-SP, aconteceu a Aula Magna do curso de Jornalismo, evento que dá início ao semestre letivo. A palestra com o tema “Redes Sociais e o Jornalismo” foi ministrada pelo editor de Mídias Sociais da Folha de S. Paulo, o jornalista Mateus Camillo, e foi mediada pela coordenadora do curso, Maria Elisabete Antonioli, e pelo professor de Jornalismo, Antônio Rocha Filho. Participaram do evento alunos e professores do curso, que nos últimos dois anos, por causa da pandemia de Covid-19, ocorreu de forma online e, neste ano, a Aula Magna voltou a ser 100% presencial.

No início da palestra, Mateus, que trabalha há 10 meses com tecnologia vinculada ao jornalismo na Folha, comentou como foi seu percurso profissional até ser editor da Folha. Ele disse que, além de ter trabalhado em outras empresas de forma fixa, já fez muito trabalho como freelancer, principalmente na empresa em que está agora.

O jornalista mostrou as principais redes sociais que estão diretamente vinculadas ao jornalismo, que são: Twitter, Facebook, Intagram, WhastApp, Instagram storie, Tik Tok e Telegram.  

Durante a palestra, Camillo falou sobre como trabalhar com mídias sociais, ressaltando as diferenças entre os trendings e o jornalismo, a importância da checagem e a era dos vídeos. Ele explicou que a grande diferença entre jornalismo e trendings é que os virais são mais rápidos e jornais precisam apurar bem antes de entregar a notícia para o público. Desse modo, existe uma forte ligação com a checagem, que é a apuração completa da notícia para poder ser transmitida. Por fim, ele falou da era dos vídeos, muito presente no cotidiano, considerando que muitas notícias circulam com uma versão em vídeo.  

O palestrante, ao chegar no final da apresentação deu um breve conselho, com algumas dicas fundamentais para quem tem interesse em ingressar nesse mercado de trabalho. Segundo Camillo, ter conhecimentos híbridos (social media+jornalismo), estar conectado, ter agilidade e versatilidade e visão holística, que é uma ampla visão de todas as áreas do jornalismo, são requisitos fundamentais para um bom profissional nessa área.

Ao finalizar a palestra, durante bate-papo com os alunos, uma aluna questionou se teria a possibilidade de o jornal impresso ser substituído 100% pelas redes. Ele logo respondeu que sim, porém em longo prazo, pois todo dia tem uma diminuição de impressos circulando.

Outra questão levantada foi sobre fazer uma apuração perfeita. “Existem vários caminhos. Se algum veículo publicou, tentar conversar com os jornalistas que publicaram. Se for alguma pessoa leiga, investigar sobre o vídeo e se conseguir achar a pessoa fazer uma entrevista. Pesquisar em mais de uma fonte, mandar jornalistas ao local, se for algo que aconteceu e precisa saber se é verdade”, explicou Camillo.  

 

Entrevista com Mateus Camillo  

 

O jornalista Mateus Camillo, após a Aula Magna, concedeu uma entrevista para o Portal de Jornalismo da ESPM-SP. Sobre a época em que foi freelancer, Camillo disse que aceitava quaisquer oportunidades que apareciam em sua frente para ter um repertório de experiências maior e também se arriscar em diversas áreas até se encontrar em uma específica, de destaque pessoal. “Topava de tudo, desde “criptorave”, que era um evento de criptografia na parte da madrugada, até cobrir matéria em outra cidade, a qual se encontrava a duas horas da minha casa”, conta Camillo. “A solução é não ter medo e, no jornalismo, o ponto chave é não deixar uma oportunidade passar”, completa.  

O palestrante contou ainda sobre os ataques cibernéticos e como ele lida com isso. Envolvendo seu círculo pessoal, quando foi atacado virtualmente por ter feito uma publicação sobre o governo Bolsonaro, Mateus disse que o ideal foi fechar suas redes e reforçou que saiu dali fortalecido, o que ainda o credibilizou para escrever contando como foi ter recebido esses ataques e xingamentos. “Precisamos entender de fato como funciona essa milícia digital e o chamado “deep web” da era jornalística. Ver também como essas pessoas se comportam por trás do anonimato”, disse Camillo. Ele também acrescenta que, em sua perspectiva, os jornalistas se uniram mais com o agravamento desses ataques e, hoje em dia, há um apoio entre os profissionais.  

Sendo editor de interação e mídias, a terceira pergunta foi justamente sobre como acontece a fiscalização dessa área, exemplificada em uma entrevista dada pelo jornalista para o ombudsman da Folha de S. Paulo, com o título “C@sa de f#rr#iro, espeto de pau”, sobre comentários negativos e como os mesmos se escondem e passam a ser ilegíveis quando colocado asteriscos, “hashtags” ou arrobas, como no título do artigo publicado. Camillo disse que o plano seria investir em tecnologia e que, hoje em dia, é importante no meio jornalístico um forte investimento em tecnologia, algo que já está na lista de prioridade do meio onde ele trabalha. “O chamado “society” deve funcionar bem, ser seguro contra-ataque, precisa também carregar rápido, uma série de coisas”, alertou.  

Há, no jornal, duas listas sigilosas sobre o que se pode autorizar ou não nos comentários feitos por consumidores do conteúdo digital. “Nós tendemos a ser os mais permissíveis possível, por causa da liberdade de expressão. Mas, os comentários de crime de ódio, racismo ou homofobia, por exemplo, os que passam de um certo limite e barreira, são excluídos rapidamente”, explica Camillo. 

Por último, foi perguntado se sua carga horária de trabalho e carga emocional aumentaram devido à pandemia e os acessos em abundância da plataforma. O jornalista ainda relatou sobre o aumento de trabalho na área do jornalismo por cauda da pandemia, o que gerou cansaço maior nos primeiros meses por ser algo novo. Camillo contou que o volume de noticiário explodiu em escala e que, durante um bom tempo, o jornal foi totalmente dedicado apenas à pandemia. “A redação era feita de casa, para todos nós jornalistas. E o tempo todo eram notícias e mais notícias importantes, de mil desdobramentos que a pandemia trouxe, juntamente da carga horária excessiva. Eu diria que de março de 2020 a julho de 2020 foram meses insanos, jornalisticamente falando”, concluiu. 

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