ABCFB é a única entidade de balé de cegos do mundo

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Fernanda Bianchini (em pé) é a fundadora e bailarina responsável pela companhia. Foto: divulgação

 

A Associação de Balé e Artes para Cegos Fernanda Bianchini (ABCFB), localizada na Vila Mariana, existe há treze anos e oferece aulas gratuitas de dança para crianças e adolescentes com deficiência visual. O método foi desenvolvido pela bailarina e fisioterapeuta Fernanda Bianchini e, segundo ela, a entidade constitui o único grupo profissional de bailarinas cegas no mundo.

No dia 29 de novembro, no Auditório Ibirapuera, o grupo apresenta o espetáculo O Quebra Nozes. O evento começa às 20h30 e os ingressos podem ser adquiridos no site ingressos.com (R$20 inteira e R$10 meia).

 

Portal de Jornalismo ESPM – Como surgiu a ideia do projeto?

Fernanda Bianchini – O trabalho existe há 18 anos. Ele começou no Instituto Padre Chico, onde trabalhei por oito anos como voluntária e depois resolvi fundar a associação com objetivos mais amplos. Na ABCFB atendemos um público maior: deficientes auditivos, mentais e motores e deficientes visuais vindos de outras instituições.

PJ ESPM – Como é o método das aulas?

FB – É todo baseado no toque e na percepção corporal. As bailarinas tocam o corpo do professor para sentir o movimento, tentam reproduzi-los e são corrigidas com as mãos. Depois que aprendem os movimentos, elas são guiadas por comandos verbais.

PJ ESPM – Quantas bailarinas são atendidas? A maioria mora na Vila Mariana?

FB – Eu tenho cem bailarinas e a minoria mora na região. As alunas costumam vir de bem longe, pegam trem, metrô e ônibus. Por esse motivo, eu escolhi um lugar bem próximo ao metrô para facilitar a chegada da deficiente.

PJ ESPM – Você também atende, na associação, pessoas que não tenham deficiência?

FB – Sim.  Das vagas, 10% vagas são destinadas às pessoas que não possuem deficiência. A ideia é que esse aluno trabalhe a inclusão às avessas e aprenda por meio do toque.

PJ ESPM – Você nota uma melhora na qualidade de vida e na coordenação das alunas?

FB – Sim. O equilíbrio, a noção de espaço, a locomoção, a postura e a sociabilização melhoram muito. Nos espetáculos, elas são vistas como as verdadeiros artistas do palco, não como deficientes, e são aplaudidas pela qualidade e beleza da arte que realizam. Hoje, a ABCFB é a única companhia profissional de balé de cegos no mundo.

PJ ESPM – A subprefeitura e os moradores da região apoiam o projeto?

FB – Nós nunca tivemos apoio nem parceria do governo. Nós já realizamos uma reunião com eles, mas ainda não conseguimos nada. E por parte dos moradores, a maioria, não sabe da existência do projeto. Dessa forma, a sua participação é pequena.

PJ ESPM – Como foi a experiência internacional de participar do encerramento das Paraolimpíadas de Londres, em 2012?

FB – Foi incrível. A Inglaterra está preparada para a inclusão social. Em Londres, elas dançaram no palco com os primeiros bailarinos do Royal Ballet, mas no Brasil, nós nunca conseguimos um teatro municipal para dançar e nunca fomos visitados por uma companhia profissional. Lá fora eles estenderam o tapete vermelho. A experiência internacional nos colocou no topo e agora eu quero que elas sejam conhecidas no mundo inteiro e ensinem a todos que o impossível não existe. Basta querer, ter força de vontade e acreditar em um sonho.

 

Serviço
Associação de Balé e Artes para Cegos Fernanda Bianchini
Av. Domingos de Morais, 1765
Vila Mariana
São Paulo – SP
Mais informações: http://www.ciafernandabianchini.org.br/

 

Carla Fernandez (2° semestre)