Jornalista conversa com estudantes da ESPM-SP sobre dias de inferno na Síria

Share

Kléster Cavalcanti durante sua palestra na ESPM-SP. Foto: Diego Pinheiro

O jornalista e escritor Kléster Cavalcanti visitou a ESPM-SP na quinta-feira (16) para falar de sua experiência na Síria, tema retratado em seu mais novo livro “Dias de inferno na Síria”. O encontro foi uma oportunidade para os alunos conhecerem a rotina de um correspondente internacional em países em guerra, com foco na cobertura dos eventos cotidianos que são comumente ocultados por governos locais.

Em seu discurso, Cavalcanti afirmou que o bom jornalismo focado em cobertura internacional deve apresentar aspectos da realidade que não aparecem nos demais veículos de comunicação. O jornalista contou que, para que fosse possível sua chegada segura a Homs, a cidade mais atingida pela guerra até então, teria, oficialmente, que passar pelo Ministério da Informação, onde receberia todos os dados necessários para sobreviver na cidade. No entanto, isso invalidaria a cobertura local. “Se  fosse ao Ministério da Informação, seria guiado por um de seus funcionários, então iria ver somente aquilo que eles quisessem que eu visse”, argumentou.

Por isso, a alternativa foi passar dez dias encarcerado em Homs na companhia de outros detentos de guerra – Ammar, Walid, Adnan e Faad –, que iriam se transformar em grandes amigos e companheiros. “Na prisão eu não me senti melhor do que ninguém, talvez tenha sido por isso que nossa relação fosse tão boa lá dentro”, afirma. A partir do diálogo permanente com os presos, Cavalcanti foi acumulando material para compor sua matéria sobre a Síria, mostrando a realidade do conflito na visão dos prisioneiros de guerra.

Ao discutir a insegurança na guerra da Síria, o jornalista confessou que, caso também tivesse mulher e filhos, assim como alguns de seus companheiros de cela, não iria fazer a cobertura do acontecimento por amor a eles. “Como estava solteiro, considerei que era meu dever divulgar o que a imprensa internacional não havia mostrado sobre o país”, afirmou.

Serviço

Dias de inferno na Síria – R$ 32,50. Já nas livrarias.

Diego Pinheiro (3º semestre)

Assista ao vídeo da entrevista no programa Linkados na Área  aqui