Em vielas da Vila Mariana, comunidade valoriza boa relação com a vizinhança

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No bairro, morar em vielas pode significar uma vida comunitária simples. Foto: Paulo Ricardo de Assis Filho

 

Morar em casas na cidade de São Paulo normalmente é sinônimo de falta de segurança e excesso de privacidade. Mas nem sempre precisa ser assim. Na Vila Mariana, existem algumas vilas em ruas fechadas, conhecidas como vielas, que são uma opção entre a proximidade física que acontece entre os apartamentos e a convivência mais intensa entre vizinhos que acontece nas casas.

Essas vielas são um mundo à parte da vida da metrópole, normalmente movimentada e barulhenta. Nesses locais, alguns residentes encontraram a procurada paz e também conquistam novas amizades.

“Mudei-me para São Paulo há seis anos e sempre morei em apartamento. Nunca consegui estabelecer uma relação de amizade. São Paulo é uma cidade com uma crescente verticalização e isso acaba prejudicando a proximidade com as pessoas”, diz Vitor Hugo Baqueta, que é morador de uma viela nas imediações da ESPM e do Cetro Universitário Belas Artes há apenas seis meses. Ele constata que desde que se mudou para a viela readquiriu uma relação de proximidade, boa convivência e camaradagem com os vizinhos.

Política da boa vizinhança

A política da boa vizinhança é uma norma adotada pelos moradores. De coisas básicas, como conversas na porta de casa, até guardar as cartas para os vizinhos ou prestar atenção quando alguém está estacionando o carro à noite, fazem parte do dia a dia dessas comunidades.

“Todo mundo cuida de todo mundo, a união é muito grande. A desvantagem da proximidade é fazer um evento, uma festa, que o vizinho pode reclamar ou não gostar por causa do barulho”, comenta Luiz Fernando Maluf, que está morando em uma viela há quase 25 anos.

“Eu morava na Praça da Árvore, perto da Avenida Jabaquara, onde havia muito movimento de ônibus e não tinha o sossego que tenho aqui hoje. Nasci nessa casa, me mudei quando era criança e voltei depois de casado. Aqui é um lugar maravilhoso de se morar”, reconhece Maluf.

 Paulo Ricardo de Assis Filho (3° semestre)