Economia aquecida estimula gastos de brasileiros no exterior

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Os gastos dos brasileiros no exterior tiveram aumento relativo no começo deste ano. Paralelamente,  os estrangeiros aplicaram 2% a mais de dinheiro no país até o final de 2011, segundo dados do Banco Central. Porém, mesmo com esses índices em alta, o órgão afirma que os brasileiros tiveram menos gastos com viagens internacionais.

 Segundo o economista Luís Berti (foto), a alta nos gastos brasileiros no exterior é decorrente do aumento de renda da população, assim como da garantia do nível de emprego, o que causa uma sensação de tranquilidade, fazendo com que as pessoas consigam se programar e realizar uma viagem fora do país. Associados a isso, há fatores externos como a crise financeira na Europa, que faz com que os preços se tornem mais baixos, aumentando o consumo. “Além disso, as pessoas já tiveram capacidade para fazer o planejamento da viagem e vão com boa parte dela paga, o que facilita o consumo”, diz. Berti afirma, ainda, que há dados que comprovam que o brasileiro de fato tem ajudado na dinamização econômica no exterior – um bom exemplo é a região da Flórida.

  O motivo desse crescimento econômico vem sendo observado desde a época do governo Fernando Henrique Cardoso, com o Plano Real, que conseguiu estabilizar a economia ao manter a inflação baixa e romper controles e metas inflacionárias, o que se manteve no período Lula junto a políticas alternativas para criar uma forma de gerar uma maior renda para a economia, fomentando o consumo interno. Todos esses fatores, de acordo com o economista, foram responsáveis pelo país não ser tão afetado pela crise na Europa e nos Estados Unidos, já que “o Brasil tem uma demanda aquecida e um mercado interno sustentado por uma redução do volume do desemprego nos últimos dez anos, o que gerou uma renda que, por fim, foi revertida para o consumo.”

  No entanto, houve uma queda no número de viagens internacionais em comparação com o ano passado, o que, para Berti, pode ter ocorrido em função da questão do câmbio – em cenários de crise, há valorização das moedas mais seguras, que hoje são o dólar e o euro. Dessa forma, é observada uma evolução de preço da moeda, o que explica o encarecimento dos custos com relação à viagem. Luís Berti enfatiza, ainda, que, em 2012, o ambiente econômico será marcado por um clima de instabilidade. Há riscos significativos no cenário internacional, decorrentes, por exemplo, do aumento do preço do petróleo – que fechou na semana passada em US$122 – e da quebra de regimes presentes no continente africano e no Oriente Médio, o que gera um aumento da pressão de custos. O economista ainda aconselha as pessoas a tomar cuidado pois, com os custos em alta, corre-se o risco de maior inadimplência. “O endividamento cada vez maior pode trazer riscos à economia brasileira”, alerta.

Na opinião do economista, o setor turístico brasileiro vem, cada vez mais, dando impulso à economia brasileira, principalmente devido ao litoral do país e aos projetos ecológicos que atraem estrangeiros, com destaque para portugueses e espanhóis, na área hoteleira do Nordeste. Já no setor empresarial, o Brasil tem uma grande atratividade por ter maior grau de investimento e por fazer parte do grupo econômico dos BRICs, em que hoje está com a África do Sul como novo membro. Há uma boa demanda, o que pode gerar alta na atratividade às empresas, porém, existem também fatores negativos para a atração de investimento, como a burocracia, os custos de se abrir e se fechar empresas no país e a corrupção, fator que, na opinião do economista, assusta as pessoas, “pois o país não tem condições de se financiar nesses investimentos.”

Atração

 Outra forma de o governo nacional fomentar a vinda de investimentos estrangeiros é apostar na criação de demandas – afinal, o país está na iminência de eventos internacionais como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Berti afirma que haverá uma intensa circulação de pessoas no território nacional, porém, fatores como a infraestrutura continuam sendo um ponto delicado – principalmente por conta da pouca aplicação prática de planos como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Mesmo tentando buscar apoio externo, o Brasil não o adquire por não haver fatores que demonstrem benefícios para uma possível afiliação de companhias estrangeiras. Apesar desses entraves, o economista diz que o setor de infraestrutura é o ideal para se obter investimentos, principalmente devido aos dois eventos mundiais.

Diego de Almeida Pinheiro (1º semestre)