Aos 85 anos, Casa Modernista é marco da arquitetura brasileira

Share

Fachada da Casa Modernista, localizada na Vila Mariana, e um dos espaços do Museu da Cidade. Foto: Gabrielle Molento

 

A Casa Modernista está completando 85 anos. Localizada na rua Santa Cruz, a residência foi projetada pelo arquiteto Gregori Warchavchik e constituiu sua moradia ao lado da esposa, Mina Klabin. A Casa é considerada a primeira obra de arquitetura modernista a ser erguida no Brasil, em 1928, e é completamente desprovida de ornamentação.

O arquiteto Carlos Alberto Coelho, especialista em Arquitetura e Cidade e Arquitetura Contemporânea Brasileira, comenta que a construção visava contemplar uma nova concepção de morar: o conceito modernista. “A Casa teve influência na arquitetura brasileira no sentido do pioneirismo, de estar sendo feito algo que ninguém conhecia”.

Segundo Coelho, isso mexeu com a opinião pública da época. “A sociedade passa a discutir isso, torna-se algo polêmico pelo fato de as pessoas não estarem acostumadas. Eles não entendiam isso como um acaso, uma arquitetura”. Coelho afirma, no entanto, que com o tempo, essa situação foi suavizada e as pessoas foram compreendendo, abrindo caminho para o novo.

Funcionalidade

Apesar de localizar-se em um terreno de 13 mil metros quadrados, a construção é compacta e funcional para a época em que foi construída, com o andar de cima pensado apenas para a família residente. O paisagismo foi elaborado por Mina, e o jardim buscava ter um clima tropical totalmente diferente de tudo que se via nos jardins europeus, além de ajudar na privacidade da casa.

Em 1935, com a iminente Segunda Guerra, Warchavchik realizou a primeira reforma na residência. Colocou grades em várias janelas e removeu outras para maior segurança. Mudou o portão de local, também visando a segurança da família. A entrada principal e alguns cômodos também foram alterados.

A Casa manteve-se com a família até pouco depois da morte de Gregori, em 1972, quando a filha do casal vendeu a residência para uma construtora. No entanto, protestos impediram que outro residencial fosse construído em seu lugar e a obra foi tombada como patrimônio histórico em 1984. Durante muito tempo se manteve fechada e em estado de degradação, até que em 2000 foram realizados projetos e obras de restauração do imóvel.

Museu da Cidade

Em 2008 a residência passou a ser responsabilidade da Prefeitura Municipal. Em agosto do mesmo ano, a construção se tornou uma das 11 casas do Museu da Cidade, que busca preservar a memória das manifestações modernistas que ocorreram em São Paulo.

Hoje, o local está aberto para visitações de terça a domingo, das 9h às 17h. A visita pode ser feita de forma monitorada, com agendamento ou por encaixe. A entrada é franca. Cerca de 80 crianças passam por lá todos os dias para conhecer um pouco mais da arquitetura e história brasileira.

 

Casa Modernista
Rua Santa Cruz, 325, Vila Mariana
São Paulo – SP
Mais informações: (11) 5083-3232

Gabrielle Molento (1° semestre)