Carne e Osso mostra as más condições de trabalhos nos frigoríficos

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Passado quase um século do filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin, o documentário nos leva a mesma reflexão. Realizado pela Repórter Brasil, o filme foi selecionado para o Festival É tudo verdade.

Uma organização de jornalistas que se dedica à produção de reportagens, relatórios e documentários, a Repórter Brasil, retrata os trabalhos alienantes e desumanos no país, como os trabalhadores de frigoríficos. É exatamente esse o tema do filme Carne e Osso, com direção de Carlos Juliano Barros e Caio Cavechini. Com produção de cerca de dois anos, envolvendo apuração, contato e pesquisas, o documentário busca mostrar essa realidade brasileira.


O filme faz críticas às condições precárias dos trabalhadores de frigoríficos. A exposição a acidentes, a pressão psicológica, a exaustão física, os movimentos repetitivos se somam à indignação dos funcionários. Porém, os trabalhadores persistem em seus empregos, pois não têm outra oportunidade no lugar onde moram, e acabam sendo submetidos a esse trabalho desumano. A rapidez com que devem manusear os instrumentos de trabalho e o frio constante é prejudicial à saúde dos empregados. Mas isso não impede os donos de frigoríficos mudarem a sua postura, pois no final o que eles almejam é a produção.

O diretor, Carlos Juliano Barros, tem apresentado o filme para alunos de jornalismo de universidades, como na ESPM e USP e, nessas ocasiões discute as ideias abordadas no filme. Na ESPM, ele fez uma comparação de sua produção com o filme estrelado por Charles Chaplin, Tempos Modernos afirmando: “Nossa comparação é bem recorrente também, as pessoas sempre que vêem o documentário, fazem essa alusão a este filme. Acho que isso na verdade mostra como, passados quase um século, essa história do trabalho alienante, repetitivo, emburrecedor não foi superada de forma alguma pela estrutura do modo de produção em que nós vivemos”. Para ele, uma coisa é apertar parafuso o dia inteiro e outra é tirar a vida de um ser vivo o tempo inteiro.

O governo proporciona incentivos fiscais fazendo com que as empresas paguem menos impostos, com a finalidade de atraí-las. Com relação a isso Carlos Juliano complementa: “Há os incentivos, mas na conta final o governo paga o seguro acidente e aposentadoria por invalidez. Quando o trabalhador se acidenta é o governo que o banca.” Para que haja a diminuição dos problemas nesse tipo de trabalho estressante e perigoso, é necessário primeiramente a conscientização dos donos dos frigoríficos para depois pensarmos em como diminuí-los.

Carolina Gomes (2º semestre)