Se o campo não planta, a cidade não janta

Fotos no Assentamento Ipanema, conquistado pelo Movimento Sem Terra, na cidade de Iperó, no dia 04/06/2023.

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Henrique Campos (1º semestre)

Em Iperó, cidade localizada na Região Metropolitana de Sorocaba, no estado de São Paulo, encontra-se o Assentamento Ipanema, terreno dividido em lotes que teve sua ocupação iniciada no dia 16 de maio de 1992 pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Nesta oportunidade, 750 famílias, de diversas partes do Brasil, chegaram à cidade para ocupar as áreas da Fazenda Ipanema. Uma delas, liderada pelo agricultor José dos Reis Boaventura, recebeu dia 04 de junho de 2023, alunos da Unidade de Experimentação Participativa Agroecológica (UEPA), núcleo de Agroecologia da UFSCar – Campus Sorocaba, para uma visita ao Sítio Boaventura.

Após uma viagem de 30 minutos da faculdade até o assentamento, os alunos foram recebidos com um café da manhã feito pela esposa, filho e enteada de Boaventura, todos também moradores do sítio. Após comerem, eles foram convidados a aprender técnicas de capinagem, colheita, plantio e também a conhecer toda a estrutura do sítio e as histórias que José tinha para contar.

Ocupados em 1992, os lotes de terra estão regularizados desde 1996 pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e neles as famílias produzem orgânicos para consumo próprio. Além disso, vendem os excedentes, abastecendo várias cidades do estado de São Paulo com os alimentos produzidos e, ao mesmo tempo, garantindo o seu sustento.

Gabriel, filho de José, conta que teve oportunidade de estudar, mas sempre soube que o que queria era trabalhar no assentamento, pois criou uma grande relação com a natureza. Segundo ele, o processo de ocupação do terreno foi tranquilo devido ao bom relacionamento com o governo da época, fato que é confirmado por seu pai.

José, que é contra as armas, afirma que estas foram feitas apenas com o intuito de matar, e como, segundo o cristianismo – religião seguida por ele -, matar é um pecado, a partir do momento em que se toca em uma arma, “Deus não é mais meu amigo, e não me manterá protegido”.