Bairro dispõe de 361 orelhões, mas aparelhos estão em mau estado de conservação

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Orelhões perdem espaço para celulares. Foto: Mariana Miranda

 

O telefone público existe desde 1920, mas foi em 1934, quando a Companhia Telefônica Brasileira (CTB) se instalou na cidade de Santos, que sua história começou. Em 1970, a arquiteta e chefe da Engenharia de Prédios da CTB, Chu Ming, percebeu que a empresa buscava uma alternativa para substituir as cabines cilíndricas. Assim teve início um projeto em que um abrigo oval em fibra de vidro era acoplado a um suporte de metal. A iniciativa era ideal para atender à necessidade da empresa, popularizou-se o orelhão a partir de 1971.

Segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), no Estado de São Paulo existem 200.404 e, na capital, há 46.991 orelhões. Ainda de acordo com a Agência, 361 aparelhos estão disponíveis na Vila Mariana.

Um dos motivos da desvalorização dos telefones públicos é a popularização do celular. A facilidade da comunicação, a comodidade e principalmente a privacidade fazem com que ninguém mais se desponha a usar os orelhões.

Aparelhos são constantemente vandalizados. Foto: Mariana Miranda

 

Sem acesso às redes sociais

“Usar orelhão hoje em dia é muito pouco prático. Cartão telefônico é ultrapassado e dispendioso. Sem contar que ninguém mais usa o telefone apenas para ligar, né? É impossível receber mensagens e acessar a rede social com o orelhão”, diz a jovem Clara Camilo, de 18 anos.

Outro fator importante para o esquecimento dos aparelhos públicos é o constante vandalismo que ocorre. De acordo com a Anatel, todo mês, pelo menos 25% dos orelhões são destruídos. Não é raro encontrar, aqui na Vila, aparelhos que não funcionam ou depredados de alguma forma.

“Quando eu era mais nova, não era comum ter celular. Poucas pessoas tinham telefone fixo em casa”, fala Rosana Mendonça, aposentada de 88 anos. Ela diz que era comum ver pessoas passando mais de duas horas em pé usando os orelhões.

“Por mim, continuaria usando, era gratificante conversar e ver as pessoas passando. Muitas vezes, rendia até assunto. Mas como continuar se hoje em dia eles estão quebrados, sujos, mal cuidados, ou simplesmente não funcionam?”, conclui a aposentada.

 

Mariana Miranda (1° semestre)