As diferentes formas de olhar: A Arte Urbana como agente transformador de cenários degradados

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Júlia Dal Bello – (2º semestre)

O Elevado Presidente João Goulart é uma via com 3,6 quilômetros (km) de extensão, feita de concreto e asfalto, localizada na região central da cidade de São Paulo. A vida, conhecida popularmente como Minhocão tornou-se um corredor de arte urbana, que trouxe cor para uma região decadente e cinza da capital paulista.

A presença do Minhocão na vida dos paulistanos nunca foi amigável ao longo do tempo. A ideia de desativar o Elevado João Goulart para o tráfego amplamente discutida, mas, recentemente, ao invés da derrubada do elevado, já se admite a transformação de toda a área num imenso espaço de apreciação da arte e lazer, com grafites, jardins suspensos, e suas pistas passarem a ser ocupadas por pedestres e ciclistas.

Os edifícios que já existiam ao longo do trajeto, antes da construção, passaram a abrigar imensas obras de arte urbana. Os trabalhos foram feitos nas paredes laterais dos prédios. São trabalhos de resistências carregados de mensagens políticas e sociais, o que contribuí para com a difusão cultural. Agora, todo mundo que passa por ali pode apreciar as 42 pinturas como se estivesse em um museu a céu aberto. As próprias colunas de sustentação das pistas, no vão central da avenida, frequentemente são usadas para trabalhos de grafiteiros, transformando, assim, a avenida em um verdadeiro símbolo do movimento “Arte não é privilégio”.

O Minhocão foi construído no início da década de 1970 com o objetivo de dar vazão ao crescente aumento do tráfego de veículos na capital paulista, reduzindo os congestionamentos nas ruas centrais de São Paulo. A via aérea não conseguiu acabar com os congestionamentos e teve um efeito colateral: provocou a rápida deterioração urbana da região próxima do Elevado e ao longo de toda a sua extensão, entre os bairros República, Santa Cecília e Barra Funda.

Com a degradação da região, sob o Elevado, os espaços vazios passaram a ser ocupados por moradores de rua. No começo dos anos 1980, surgiu ali o embrião da “cracolândia”, que segue até hoje na área central de São Paulo. Agora, com as manifestações artísticas e os movimentos de resistência cultura, a então degradante região volta a receber e transmitir uma conotação positiva para os moradores e turistas da capital paulista.