Por Clara Guimarães
Para quem passa pelo Metrô Sumaré, as artes nos vidros da estação são revigorantes em meio a tanto concreto. A instalação criada por Alex Flemming, em 1998, é composta por 44 retratos frontais sobrepostos por poemas de escritores brasileiros. As imagens remetem à ideia de identidade e respeito às diferenças.
Alex Flemming é um artista plástico que estudou Economia, Arquitetura e Cinema. Participou duas vezes da Bienal Internacional de São Paulo, enquanto morava em Nova Iorque. Entretanto, atualmente, reside em Berlim, sem perder contato com o Brasil.
“Mesmo morando atualmente na Alemanha, venho muitas vezes ao Brasil por ano e sinto-me e descrevo-me, porém, como alguém absolutamente brasileiro”, explicou Flemming. Desde pequeno, ele viaja por causa de seus pais. Sua mãe, aeromoça e seu pai, piloto de avião.
Sua “brasilidade” é constatada no metrô Sumaré. A miscigenação étnica e os poemas de grandes autores brasileiros estão presentes na obra. “Escolhi poesias que nós aprendemos na escola, de autores que cobrem 5 séculos de Brasil, de José de Anchieta a Haroldo de Campos”.
O artista disse ter sido escolhido através de um concurso público na década de 90. “Minha ideia, ao fotografar pessoas anônimas que frequentavam o Metrô, era recobri-las com poemas. Vem do conceito de que todas as pessoas têm poesia dentro de si, cabendo ao ‘outro’ decifrá-las”.
O concurso público ao que se refere é o projeto “Arte no Metrô”, que teve início em 1978. Expõe obras de artistas renomados como Tomie Ohtake e ele próprio. As propostas de exibição são avaliadas por um comitê formado por integrantes ligados a instituições culturais. Os custos da instalação são cobertos pelo próprio artista e o Metrô publica em seu site datas do processo seletivo.