A luta dos profissionais da saúde em meio ao coronavírus

Foto: Altemar Alcantara.Semcom (Fotos Publicas)

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Giulia Castro (1º semestre)

Até a data de fechamento desta matéria, o Brasil contava com mais de 63 mil casos de pessoas infectadas pelo coronavírus e mais de 4 mil mortes registradas. Nesse contexto, fica cada vez mais evidente o perigo de contaminação e a importância do trabalho de médicos, enfermeiros e demais profissionais da saúde que atuam na linha de frente de hospitais, arriscando suas vidas ao exercer seu trabalho. Visando ajudar a sociedade e curar as pessoas, esses profissionais tiveram suas vidas modificadas desde o início da pandemia no Brasil, tendo que lidar muitas vezes com a sobrecarga de trabalho e com o medo da infecção.

É o caso da técnica em enfermagem Kelly Amaral que, embora não trabalhe diretamente na ala do covid-19, já sentiu as mudanças em sua maneira de trabalhar. “Os profissionais da instituição onde eu trabalho estão tendo o material necessário, a gente está trabalhando paramentado, sempre recebendo orientação para usar máscaras e lavar as mãos”, comenta.

Além disso, Kelly também contou sobre os profissionais afastados.  “Muitos estão sendo afastados por estar com suspeita e alguns já foram diagnosticados com positivo”, conta.

Toda a situação de ver colegas sendo distanciados e estar tão próximo de pessoas contaminadas, acaba levando os profissionais a maiores níveis de preocupação, estresse e ansiedade. O medo de pegar a doença, ou até levá-la para pessoas próximas, se tornou constante. “A gente sai pra trabalhar e quando volta tem até medo de entrar em casa, pra não passar essa doença para nossos familiares, então é muito tenso”, desabafa a técnica.

As dificuldades enfrentadas por Kelly atualmente são compartilhadas por milhares de outros profissionais da saúde. Dentre eles, a enfermeira intensivista Lucimária Pereira Santos, que atua em outro hospital, na UTI onde ficam os pacientes com coronavírus. 

Um dos maiores obstáculos destacado por ela é a complicação em disponibilizar leitos para pacientes com outras doenças. De acordo com a enfermeira, a UTI está constantemente lotada com pacientes de Covid-19, prejudicando aqueles que sofrem de outras condições. Ouça abaixo áudio em que Lucimária discorre sobre a situação:

 

Em relação à higiene e prevenções necessárias por quem lida diretamente com o Covid-19, Lucimária descreve um processo bem cuidadoso. “O pessoal da UTI não frequenta outras áreas do hospital. Temos vestiários e roupas privativas. E depois que chegou o Covid, após cada entrada no quarto de um paciente contaminado, é necessário fazer a higiene das mãos e a desparamentação. Depois disso, você vai ao banheiro, toma banho e troca de roupa. Então tem pessoas que em um plantão de 12 horas, vão acabar tomando quatro ou cinco banhos”. E completa dizendo que o preparo das funcionárias de limpeza agora também é outro. “Elas utilizam avental, máscara, luva e touca. Fazem a paramentação completa”, explica.

Já ao ressaltar a questão dos funcionários infectados, a enfermeira explica que quanto mais profissionais afastados, maior sobrecarga aos que ficam. “Tem muitos colaboradores afastados. Então, eu acabei dobrando o plantão. Antes eu fazia 12 horas e agora eu faço 24, trabalho dia e noite, porque a enfermeira da noite está afastada por Covid”. Ouça a seguir um áudio em que ela comenta sobre o afastamento de funcionários e a dificuldade da doença:

 

De fato, o número de profissionais da saúde distanciados aumenta cada vez mais. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, apenas na capital paulista o número de profissionais da saúde afastados chega a 3.106, com 713 casos confirmados e 13 óbitos. O cenário alarmante acaba preocupando os médicos e enfermeiros. “Está bem difícil, o pessoal fica com bastante medo”, lamenta Lucimária.

Por fim, a enfermeira salienta a importância de ficar em casa nesse momento. “É a melhor maneira de evitar a proliferação da doença, e colaborar para que nós possamos fazer nosso trabalho com maior eficiência”.