A batalha paralela dos times pequenos contra o coronavírus
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Giovanna Ruzene, Gustavo Zachary, José Pedro Sordi, Lucas Tadeu e Nicolas Garrido (Oficina de Jornalismo Esportivo)
Enquanto clubes grandes brigam pela definição de datas para o retorno do futebol, equipes pequenas se veem ameaçadas de existência.
A pandemia do COVID-19 está sendo responsável por uma das maiores e mais tensas paralisações na história do esporte e o futebol acabou como um dos mais impactados devido a sua escala global.
Sem eventos a realizar, os clubes não conseguem entrada de verba com o público das partidas ou com patrocínios pontuais, que é mais sentido por equipes pequenas. O campeonato Paulista foi suspenso por tempo indeterminado por conta da pandemia, mas essa pausa não foi bem recebida por todos os times. Alguns clubes defendiam a antecipação das datas para que a primeira fase fosse encerrada no fim de semana do dia 16 de março. A explicação é financeira e atinge o melhor colocado da competição.
Nesta edição do Paulistão, o Santo André é o líder, com 19 pontos somados e defendeu que terminasse a fase de grupos do campeonato com o argumento de que seria decidida a vida dos times rebaixados e classificados. O time do ABC tem problemas contratuais. Dos 28 jogadores inscritos no Campeonato Paulista, 21 têm contrato somente até abril, outros quatro entre maio e dezembro e apenas três até 2021, tornando inviável manter seu elenco para a continuação do torneio.
Segundo Edgard Montemort Filho, diretor executivo da equipe, o Santo André tem sérios problemas com essa paralisação:
“Em relação a parte contratual dos atletas, comissão e minha, estamos aguardando a reunião da federação paulista para ver se ocorrerá o retorno do campeonato, mas é algo que preocupa pois nada garante que, se o torneio voltar, a gente consiga renovar os contratos”.
E completou: “A parte financeira também é outro problema, pois o planejamento da nossa equipe era até o dia 29 de abril mas está claro que se acontecer o retorno [do campeonato Paulista], ele terminará após essa data”.
Com a paralisação, a prefeitura da cidade de Santo André disponibilizou o estádio municipal Bruno José Daniel aos profissionais da saúde para o atendimento de pacientes infectados com Covid-19. O espaço terá capacidade para suportar até 120 leitos e vai tratar desde os casos mais estáveis, até os mais graves da doença. A medida foi anunciada no dia 21 de março e as obras já estão em reta final, com previsão de finalização para o dia 25 deste mês.
Saindo do estado de São Paulo, o Águia de Marabá, clube que brigava por uma vaga na semifinal do Campeonato Paraense, decidiu rescindir o contrato de todos os jogadores do elenco por não acreditar em um retorno do campeonato estadual. Já o Comercial de Ribeirão Preto, optou por reduzir o salário de todo o elenco até maio, na esperança da volta do Campeonato Paulista. O clube já notificou os atletas que caso as atividades não voltem até lá, todos serão dispensados. A Federação Paulista de Futebol informou que o campeonato será terminado, porém, ainda não tem uma data certa para isso.
Um membro da comissão técnica da Portuguesa Santista, que pediu para não se identificar, comentou sobre a situação do clube diante a crise, “A Globo não repassou a cota de valores de transmissão a federação paulista de futebol, e clubes de menor expressão utilizam dessa cota para custear os salários de atletas e comissão. Fora isso, o momento da economia em termos de patrocinadores é delicado e os valores não estão entrando”.
A CBF divulgou no dia 7 de março, que dará apoio financeiro aos clubes das séries C e D do Brasileirão masculino, e às equipes da A1 e A2 do Brasileirão feminino. Este ato tem como objetivo a manutenção dos times, para que os clubes se mantenham viáveis durante a paralisação.