“Tive dúvida se seria possível uma pessoa cega dançar”, relata professora de ballet

A pernambucana Geysa Pereira é professora da Associação Fernanda Bianchin. Foto: Renata Mendes

Aos 28 anos, Geysa Pereira dança ballet clássico. Não há nada de especial nessa informação, a não ser o fato de que Geysa é deficiente visual. A bailarina perdeu a visão aos 8 anos de idade e, aos 10, iniciou sua carreira na dança.

Natural do interior de Pernambuco, Geysa conta que sempre sonhou ser bailarina, mas não tinha condições de praticar aulas de dança no local onde morava. No entanto, quando perdeu a visão, mudou-se com a família para São Paulo.

Foi na capital paulista que a pernambucana passou a frequentar o Instituto de Cegos Padre Chico, no bairro do Ipiranga. Na instituição, ela conheceu Fernanda Bianchini que, no mesmo ano, começou a dar aulas de ballet para deficientes visuais.

Convidada por Fernanda para fazer aulas, Geysa questionou-se. “Eu tive dúvida se seria possível uma pessoa cega dançar”, relata. Ela conta também que a professora insistiu para que sempre acreditasse em seus sonhos. Foi assim que a bailarina entrou para o mundo da dança.

Hoje, com 18 anos de experiência no ballet, Geysa analisa que a prática ajuda em sua postura, no equilíbrio e na noção de espaço. Ela relata que o ensino do ballet, para quem não pode ver, é construído basicamente por meio do toque. As alunas são orientadas até que elas possam desenvolver o movimento seguindo instruções orais.

Paraolimpíadas

“Dentro do ballet, existem vários desafios, coisas que a gente almeja”, revela. Segundo a bailarina, cada realização dentro da dança é única e deve ser comemorada. Apresentar-se no Teatro Municipal e no exterior foram momentos que Geysa considera importantes, como por exemplo em 2012, quando se apresentou na cerimônia de encerramento das Paraolimpíadas de Londres.

Geysa começou como aluna, mas hoje é professora na Associação Fernanda Bianchini, a mestra que a ajudou a iniciar-se na dança. A escola conta com mais de 90 alunas e as aulas são gratuitas, atendendo pessoas carentes.

Para o futuro, a pernambucana crê que terá novas barreiras. “Todo ano temos novas coreografias que sempre nos desafiam”, afirma.

Serviço

Associação Fernanda Bianchini

Rua Domingo de Morais, 1765 – Vila Mariana

Telefone: 5084-8542

E-mail: [email protected]

Renata Mendes (1° semestre)