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“Se o preconceito é uma doença, informação é cura”, aponta campanha

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O foco da campanha é a conscientização da população e a quebra dos preconceitos. Foto: Divulgação.

O foco da campanha é a conscientização da população e a quebra dos preconceitos. Foto: Divulgação.

A campanha O Cartaz HIV Positivo, no ar desde o final de abril desse ano, foi produzida pela agência de publicidade Ogilvy & Mather em parceria com a ONG Grupo de Incentivo à Vida (GIV), além das participações das produtoras BossaNovaFilms e Lucha Libre e do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids (CRT-SP).

A iniciativa tem como principal objetivo conscientizar o público sobre o preconceito ainda existente contra portadores do HIV, vírus que pode levar ao desenvolvimento da Aids. Mesmo com os avanços na medicina e nos métodos de tratamento, o tabu ainda persiste. O diferencial do folheto é uma pequena gota de sangue dos membros do GIV que são portadores da doença, localizada no canto superior direito.

A campanha também conta com um pequeno vídeo, que apresenta depoimentos dos soropositivos participantes do projeto.  Além disso, mostra a reação das pessoas que passam na rua ao verem o cartaz.  O diretor do GIV, Jorge Beloqui, comenta que o incentivo da peça publicitária é falar do estigma do preconceito. “A mensagem do vídeo é muito importante: pessoas com HIV e com tratamento eficaz não transmitem a doença,” diz Beloqui.

Há 25 anos, o GIV luta pelos direitos dos portadores do HIV e dos grupos mais vulneráveis ao vírus. Ele desenvolve diversas atividades regulares, além de uma assistência psicológica e jurídica. Qualquer pessoa pode participar das atividades, exceto do grupo de vivência terapêutica, destinada apenas aos soropositivos. De acordo com Beloqui, o grupo vem contribuindo efetivamente para a vida das pessoas que possuem o vírus HIV. O portador que é diagnosticado geralmente não tem muitas informações sobre a doença, e o GIV supre essa necessidade.

O aspecto psicológico também é importante. Segundo o diretor, as pessoas que são diagnosticadas com HIV passam por um processo interno de aceitação e partilham com pessoas próximas esse doloroso processo. “Quando os outros relatam as suas experiências, eu acho que a pessoa se sente mais reforçada e tranquila”, comenta, sobre as atividades realizadas pela instituição.

Victor Silba é voluntário no GIV e assumiu publicamente sua sorologia na campanha. Ele acredita que toda pessoa, quando descobre que tem HIV, fica muito chocada. “A primeira coisa que passa na nossa mente é: ‘vou morrer’”, diz.

Depois do choque, vem a aceitação. “Hoje eu estou no 4º ano de Design na São Judas Tadeu, planejo continuar viajando, fazendo as mesmas coisas”, conta Silba. Ele ainda diz que acha que a população tem medo de ter preconceito. Depois que assumiu ser soropositivo, ninguém foi conversar sobre o assunto com ele, nem os professores. “Falta isso no nosso País, falar abertamente sobre os tabus”, lamenta. Ele acha que, se não houver esse diálogo, as pessoas não vão saber como reagir a essa situação.

HIV X Aids

Um ponto de muita confusão na sociedade é que a Aids e o HIV são a mesma coisa, mas não são. “A Aids é uma evolução da infecção do HIV”, explica o patologista Francisco Alves. A diferença está no desenvolvimento ou não da doença.

Quando uma pessoa se infecta, tem o que chamam de “infecção aguda pelo HIV”. Isso some e a pessoa segue sua vida. Mas após cerca de dez anos o indivíduo pode ter uma queda nas células de proteção do organismo. “Aí ela tem Aids”, diz Alves. “É uma doença, e esse vírus demora para se manifestar.”

A relação entre médico e paciente envolve muito mais do que diagnóstico e transcrição de uma receita. O portador do vírus consulta um profissional da saúde para saber como está, mas provavelmente já desconfia que há algo errado. “Ele teve uma relação sem proteção, ou é usuário de drogas, por exemplo”, explica o patologista.

É nesse momento que se iniciam os exames. Se o resultado for positivo, é refeito sem o paciente saber. Só depois da confirmação é que o médico entra em ação – até mesmo em conjunto com um psicólogo social. “Mas a diferença é que o médico vai fazer orientação em relação à doença”, diz Alves. O psicólogo, entretanto, cuida da saúde mental.

O médico precisa tratar a doença, mas também é necessário saber lidar com o psicológico. Alves fala que é preciso ser otimista. “Existem pessoas com a doença há mais de 20 anos e ainda estão vivas e bem”, explica. Isso porque tomaram os medicamentos e tiveram uma vida regrada.

O patologista ressalta que quem está em tratamento tem menores chances de propagar o HIV. A transmissão depende da chamada carga viral. “Se uma pessoa tem essa carga baixa, está controlada com medicação, a chance de ela transmitir é menor”, afirma. Porém, se a carga está alta, a chance é maior.

Outro fator importante é o meio pelo qual a doença é transmitida, que também influencia as chances de transmissão. O sexo anal, por exemplo, tem chances maiores do que o vaginal. E, mesmo que a pessoa esteja em tratamento, é importante que continue fazendo a proteção, segundo o médico. Até mesmo se os dois parceiros forem soropositivos.

Psicológico do paciente

O tratamento psicológico precisa ser ainda mais cuidadoso. William Pereira, psicólogo técnico da ONG Projeto Amigo das Crianças, que possui serviços conveniados com a Secretaria Municipal de Assistência Social em São Paulo, afirma que, no primeiro momento, a pessoa é tomada pelo susto e uma espécie de angústia. “O indivíduo está lidando com algo desconhecido e baseando suas incertezas no senso comum sobre o vírus”, diz. A ideia da população é a de que a síndrome pode não ter um tratamento adequado. É nesse problema que o profissional da saúde mental precisa intervir.

O psicólogo é responsável por ajudar o portador da doença a lidar com sua situação. De acordo com Pereira, há diversas formas de atuação na área da psicologia. No caso dele, as informações sobre o prognóstico do paciente lhe são passadas, podendo assim, dizer-lhe que a expectativa de vida dos portadores subiu consideravelmente desde que a doença foi descoberta (caso estiverem fazendo um tratamento adequado). Após isso, é importante que o profissional converse com o paciente sobre seus sentimentos diante da doença e sua relação com o parceiro ou rotina que tem no momento.

A intenção do tratamento psicológico é, após consultar o profissional, fazer com que o portador tenha suas angústias estabilizadas. “Logicamente ele terá as suas questões frente a vida e morte como qualquer outro discurso de paciente que apareça na clínica. Sempre considerando a individualidade de cada um frente ao tratamento e à doença”, diz Pereira.

É importante que o psicólogo saiba lidar com os diferentes casos que chegam até ele, pois cada pessoa reagirá de uma forma diante da notícia sobre o HIV. “O psicólogo deve atuar sem se apoiar no diagnóstico, e sim restringir sua intervenção no que surge como demanda para o paciente, pois assim estará respeitando sua condição de sujeito e não estará estigmatizando devido a seu estado de saúde”, completa.

A situação no Brasil

Quando foi descoberta, no início da década de 1980, a Aids era ironicamente chamada de 5H disease. Em inglês, as cinco letras H referiam-se aos viciados em heroína, homossexuais, hemofílicos, haitianos e as prostitutas (heroin addicts, homossexuals, hemophilics, haitians e hookers), os grupos mais afetados pelo vírus. Desde então, esses estereótipos vêm sendo quebrados. De acordo com o patologista Francisco Alves, hoje, quem mais se infecta é o heterossexual jovem.

No Brasil, depois de anos de campanhas de conscientização e quedas nas infecções, o número volta a crescer, especialmente nos jovens. Em relação ao HIV transmitido sexualmente, Alves diz que a falta de informação é a principal causa desse aumento. “Falta de informação e aquela coisa de comigo não vai acontecer”, completa. Em 2010, a taxa de infectados era de 17,9 para cada 100 mil habitantes. Em 2012, esse número era de 20,2.

 

A evolução da Aids/HIV no Brasil nos últimos anos. Arte: Carolina Cunha. Fonte: Datasus/Boletim Epidemiológico HIV-Aids.

A evolução da Aids/HIV no Brasil nos últimos anos. Arte: Carolina Cunha. Fonte: Datasus/Boletim Epidemiológico HIV-Aids.

 

A conscientização é a chave para melhorar essa situação, e não apenas com a população mais carente. “A população não tem acesso a esse tipo de informação”, diz Alves. Os jovens não são instruídos que usar camisinha durante as relações sexuais não protege apenas contra a gravidez. Segundo dados da Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas na População Brasileira, do Ministério da Saúde, apenas 55% da população sexualmente ativa do país usou camisinha em relações sexuais casuais em 2014.

A população soropositiva também não está mais tão ativa em sua luta política quanto costumava ser antes. Para Victor Silba, do GIV, o medo do preconceito fez com que o ativismo diminuísse. “Nos anos 80, o Cazuza mostrava a cara e falava sou soropositivo. Hoje em dia, quase ninguém quer fazer isso.”

Carolina Cunha, Gustavo Torniero, Pedro D’El e Thayane Matos (3ø semestre)

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