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Santuário Nacional da Umbanda

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Sophia de Marque – 2º semestre

O Santuário Nacional da Umbanda está localizado na Estrada do Montanhão, número setecentos no bairro Montanhão na cidade de Santo André. O local conta com seiscentos e quarenta e cinco mil metros quadrados de mata nativa preservada, e tem estacionamento, lanchonete, loja de artigos religiosos, floricultura, cachoeiras, lagos e diversos locais para realizar as giras e os trabalhos.

Antes do Babalaô Ronaldo Linares criar o santuário, ele já utilizava o local para fazer os seus trabalhos. Então ele viu uma oportunidade de transformar aquele ambiente num lugar sagrado e compartilhar com os seus irmãos de Oxalá, para que eles também pudessem se conectar com a natureza, seus guias e orixás. Assim, depois do primeiro final de semana do dia dos orixás da mata, foi fundado o Santuário Nacional da Umbanda no fim dos anos 70.

O ambiente é considerado como um Patrimônio Cultural Imaterial pelo Estado de São Paulo e fica aberto das terças aos domingos das oito às dezesseis horas, com entrada permitida até às quatorze horas. Para poder visitar o local, é necessário pagar uma taxa de vinte reais para manter a preservação do ambiente, mas para a realização das giras as taxas de aluguel dos espaços variam entre setenta reais até cento e sessenta reais. Além do dinheiro arrecadado pelos ingressos vendidos, o local também é mantido pela Federação Umbandista do Grande ABC.

Também conta com um pequeno acervo histórico que exibe algumas estátuas e obras que representam a umbanda, sendo desde estátuas das entidades até artigos que são usados para realização das giras.

Dentro da Umbanda, as giras são os rituais que abrem o caminho para contato com o divino, ou seja, as entidades de dentro da religião, mas elas são sempre realizadas dentro dos terreiros. Por isso, o santuário separou o ambiente em cinco categorias: entrada, onde tem os estacionamentos, banheiros e lojinhas, reino dos exús, lago de nañas e cachoeiras, vale dos orixás e ponto de oxalá. Dentro de cada uma dessas áreas, existem diversos quiosques onde se podem realizar as giras.

Os umbandistas montam altares para criar uma ligação entre o céu e a terra, sendo um ponto de força sustentador dos trabalhos do terreiro que nunca está adormecido. Nele a imagem ou estátua de Jesus Cristo sempre fica destacada no topo. Já nas prateleiras do meio, ficam as imagens dos Orixás que representam alguns santos católicos e os orixás de origens africanas. As velas acesas em frente às estátuas que estão no altar servem para homenagear e representar a presença daquelas entidades dentro dos terreiros.

Seguidores da religião também costumam jogar papéis, pensamento e energias negativas em cima das fogueiras para espantar o que eles não desejam ter em suas vidas. Mas quando não é possível se ter uma fogueira, eles jogam essas energias em cima de uma vela para queimar. Além disso, as pessoas costumam realizar as giras sempre em uma roda para todo mundo conseguir ver todo mundo e todas as coisas que estão acontecendo.

Para a realização das giras também é utilizado o instrumento de percussão chamado Atabaque porque as entidades incorporam e desincorporam por meio das músicas que são compostas por esse instrumento e cantos. Existem diferentes tamanhos dele porque cada tamanho faz um som diferente, o maior produz um som mais grave, enquanto o menor produz sons mais agudos. É possível comprar o instrumento no próprio santuário, mas é mais comum que as pessoas levem os seus próprios para o local para conseguirem se conectar com as entidades mais facilmente.

Logo na entrada, já é possível ver as estátuas do caboclo Cacique, que representa uma ancestralidade indígena e conexão com os povos nativos brasileiros, sendo guias espirituais sábios e poderosos. Também é possível ver a estátua da cabocla Caçadora, conhecida como Jurema, ela é vista como a mãe protetora da natureza, acreditando-se que ela tem o poder de curar doenças e proteger as pessoas da violência.

Logo em seguida, já é possível ver o Orixá Ogum, os orixás são as entidades divinas hermafroditas que representam as energias de criação da natureza e personificação do céu, eles simbolizam a paz. Esse orixá em específico, tem origem africana e é conhecido por sua coragem, força e o guerreiro que abre caminhos.

Dentro da Umbanda é muito comum as pessoas deixarem despachos, agrados e velas acesas para as entidades. O Preto Velho é a figura mais emblemática e conhecida da religião, ele transcende no tempo e é um guardião da ancestralidade afro-brasileira, é venerado devido a sua generosidade, amor e sabedoria, além de que ele personifica os idosos africanos que enfrentaram a escravidão. Os seguidores da Umbanda costumam deixar café para ele e acender velas metade brancas e metade pretas em sua homenagem e como uma forma de pedido de proteção.

A próxima estátua representa a Orixá Oxum, que é responsável por cuidar das águas doces e da maternidade, e é relacionada com a Imaculada Conceição da Igreja católica.

Logo em seguida, é possível ver a Cabana dos Ciganos que são espíritos livres e desapegados, eles são chamados de filhos do vento por sempre estarem em movimento.

Dentro dos terreiros sempre tem uma estátua para representar o Zé Pelintro que é descrito como um malandro, apreciador de bebidas e jogador de carteado. Antigamente, ele era visto como um lado ruim da religião, mas hoje em dia, houve uma concordância de que ele é desse modo para haver uma proximidade das entidades com o homem.

Os baianos se apresentam como espíritos que viveram no sertão nordestino, onde vivenciaram um período difícil de seca e aprenderam a lidar com a realidade dura, onde a humildade e espontaneidade eram qualidades naturais desse povo. Eles são excelentes combatentes contra as energias negativas, são fortes guerreiros bem humorados e brincalhões.

O Ogum é soldado, guardião e patrono dos exércitos. Ele representa a luta e a vitória, ele tem uma personalidade dura e justiceira que executa a lei, sendo pouco flexível.

Obaluaiê é o orixá da morte e da cura, ele é responsável por encaminhar as almas ao mundo dos mortos. Ele possui o conhecimento e domínio sobre as perdas, doenças e pestes.

Naña Buruquê é a senhora da criação, ela é a mais velha das iabás, orixás femininas. Ela acolhe e orienta os seus filhos, representa a velhice, experiência de vida e aprendizados mais profundos.

Xangô é o senhor da justiça, ele representa o espírito maduro, e é um grande líder conhecedor do bem e do mal.

Cosme e Damião eram gêmeos, médicos e missionários que curavam doenças gratuitamente, começaram na medicina com 7 anos. São representados dentro da igreja católica como patronos médicos e farmacêuticos, eles morreram por aceitar Jesus Cristo como o Salvador.

O Oxossi é o rei das matas, guardião dos segredos das florestas, caçador e possui o poder de cura. Ele representa o espírito de honestidade e deseja transformar o mundo num lugar melhor de se viver.

A Inhaça é a guerreira mais valente de todas as Orixás mulheres, ela tem um temperamento forte e personalidade marcante. Ela é a orixá dos ventos e tempestades, e também tem o poder de encaminhar os mortos até o mundo espiritual, conhecido como Orum dentro da Umbanda.

A Senhora das Águas doces, também conhecida como Oxum, é a grande mãe do amor da fertilidade. Ela tem a energia de uma jovem princesa e representa a beleza, juventude, vaidade e plenitude no amor.

Essa foto áudio reportagem apresenta um pouco da história da Umbanda e o Santuário Nacional da Umbanda que fica em Santo André, grande ABC paulista.

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