Renee Hobbs: educação midiática é arma para combater discurso de ódio
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Em evento na ESPM, professora da Universidade de Rhode Island, dos Estados Unidos, demonstrou que os ataques digitais à democracia são financiados com bilhões de dólares e que precisam ser superados com conhecimento – Foto: Valentina Boratto
Valentina Boratto (1º semestre)
A manhã de debates do 1° Encontro Internacional de Educação Midiática foi concluída com a conferência “Educação midiática na era da personalização algorítmica: enfrentando polarização, discurso de ódio e propaganda”, ministrada por Renee Hobbs, dos Estados Unidos, que é professora da Universidade de Rhode Island e diretora-fundadora do Media Education Lab. O evento ocorreu no dia 25 de maio, no campus Álvaro Alvim da ESPM, em São Paulo, e contou com várias atividades voltadas à relação entre educação e democracia.
Na avaliação da palestrante, a circulação de mensagens de ódio em ambientes virtuais resulta em violências na vida real. Um exemplo mencionado foi a quantidade de tiroteios que acontecem em escolas norte-americanas. “Será que é seguro levar meu filho à escola? Estamos todos horrorizados, e esses pais nunca vão ter de volta o que eles perderam”, argumentou.
Hobbs também falou sobre “dark patterns”, um tipo design da web feito para manipular, e sobre como os algoritmos são treinados para que os usuários da internet respondam a essas manipulações. Sua defesa é a de que é necessário ter um conhecimento maior sobre o ódio que cria a violência, como na chamada “cultura do cancelamento”.
A professora ainda destacou que a economia ganha atenção quando está cheia de ódio, e por isso o modelo tradicional de jornalismo começou a desaparecer. A educação midiática, portanto, preveniria a violência, já que protege e empodera. Ela disse, por fim, que as propagandas, raramente examinada, devem ser confrontadas, já que os anúncios seduzem por responderem aos sonhos e às esperanças das pessoas.
Soluções – Para Renee Hobbs, o aprendizado, a leitura e o debate são soluções para muitos dos problemas atuais. Como forma de contribuição, ela desenvolveu o projeto Courageous RI, um programa para discussões online e divulgação de conteúdos sobre funcionamento das mídias.
A palestrante advertiu, no entanto, que esses problemas só podem ser solucionados se cada um fizer a sua parte e que é preciso compreender que as pessoas são fruto de suas próprias histórias. “Eu não conseguia entender como vários americanos votaram em Donald Trump nas eleições, por exemplo. Mas depois de ouvir suas histórias eu consegui entender. Não existe nenhuma pessoa ruim, existem pessoas com experiências de vida. Então, hoje eu vejo que quando os outros se sentem ouvidos, eles conseguem ouvir também”, exemplificou.
#ParaTodosVerem: No primeiro plano da foto, há um auditório com a plateia cheia. No centro do palco, há duas mulheres, uma está sentada e a outra em pé, palestrando. Ao fundo, há dois banners com o nome do nome do evento e uma tela de apresentação de slides. No canto direito, ao lado das bandeiras dos Estados Unidos, do Brasil e da ESPM, uma intérprete traduz a palestra em libras.