Polêmico aplicativo de caronas pagas diminui clientela de taxistas frente à ESPM
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No bairro da Vila Mariana, o aplicativo Uber é muito utilizado por alunos das faculdades. Por isso, os taxistas da região alegam que estão perdendo clientes e, consequentemente, parte do lucro.
Luís Salvador, 62 anos, motorista do ponto de táxi da rua Humberto I, critica o aplicativo e exige uma legalização ou outra medida que impeça esses tipos de serviço. “A gente paga tudo em dia e se alguma coisa do carro da quebrado já bloqueiam nosso alvará e já fazem um pente fino em nós”, relatou.
O principal argumento que realmente levou os taxistas a criticarem o Uber é o fato de os carros e de os motoristas não possuírem as mesmas documentações, o que causa concorrência desleal e apesar das diversas manifestações e reclamações, eles dizem querer apenas a legalização.
Esse argumento ficou exemplificado com a fala do taxista da Vila Mariana Luciano Gomes, 56 anos, que apesar de não gostar do Uber, concorda com uma conciliação de abas as partes. “Na cidade, tem passageiro para todos, mas os serviços do Uber têm que ser legalizados”, diz.
Para o motorista do Uber Caique Ribeiro, 29 anos, que já é funcionário da empresa há 11 meses, os taxistas se exaltam quando se fala de legalização. Entretanto, os gastos de taxas para taxistas e motoristas de Uber se igualam, por conta das facilidades que o taxista tem como, isenção de IPVA, desconto em veículos e outros. “No final das contas, se o problema é dinheiro, os gastos tanto meus como os dos taxistas ficam iguais”, argumenta.
O Uber
Foi com itens como conforto, segurança e praticidade que o aplicativo Uber foi aprovado pelos mais de 500 mil usuários no Brasil. E na Vila Mariana isso não foi diferente. Moradores e frequentadores entrevistados pelo Vila Mariana aprovam e querem o Uber, principalmente os alunos das faculdades do bairro (Belas Artes e ESPM), que além de serem a favor novas formas tecnológicas, apoiam serviços que melhoram a mobilidade na cidade.
Em 2014, o aplicativo Uber chegou ao Brasil em três capitais, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Por ser um serviço excelente nos EUA, foi muito aguardado por usuários frequentes do serviço de táxi comum. O motivo da chegada do aplicativo no Brasil foi a Copa do Mundo de 2014 que, como atrairia estrangeiros, seria mais fácil de divulgar no país por conta de o serviço já existir em mais de 300 cidades ao redor do mundo.
A estudante de Publicidade e Propaganda na ESPM Fernanda Ferreira comentou sobre os atributos do aplicativo. “Utilizo Uber por ser muito mais rápido, seguro e, em alguns casos, mais barato.” Além disso, por usar com frequência este tipo de serviço, Fernanda explica que deixou de usar o táxi comum devido à demora e o desrespeito por parte de um motorista.
Já a estudante Luiza Martins, 18 anos, preocupou-se com a segurança. “Com o aplicativo do Uber, posso conhecer o motorista antes mesmo de entrar no carro, saber de corridas passadas e avaliação.” Essa é a crítica com mais ocorrências dentre os entrevistados, por conta das supostas “máfias dos taxistas” e os taxis “piratas”, que por vezes alugam a autorização a terceiros ou adulteram o taxímetro.
Ilegalidade
No último dia 9, a Câmara dos Vereadores de São Paulo aprovou o Projeto de Lei que proíbe o uso do aplicativo Uber na capital paulista, serviço que oferece um serviço de taxi diferenciado, com três tipos diferentes o Uber X, Uber Black e o Uber Bike.
Para isso, motoristas foram contratados, mas, diferente dos taxistas comuns, os veículos são pretos e sem as documentações que um taxista têm. O Uber está gerando polêmica em capitais como São Paulo, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte por ter sido considerado um transporte ilegal, por parte dos taxistas.
Depois das críticas e manifestações a respeito do Uber, a Câmara Municipal de São Paulo iniciou um inquérito com a intenção de desativá-lo no Brasil, tendo a documentação dos motoristas como causa, por não serem iguais aos taxistas comuns. O vereador Police Neto, que apoia o Uber, em entrevista a Folha de S. Paulo, exaltou a necessidade de uma mudança no transporte publico da cidade e projetos de tecnologia como este são essenciais. “Banir tecnologia da informação de uma cidade como São Paulo é nos afastar da solução. É só olharmos como foi a evolução do transporte coletivo”, afirmou.
O Projeto de Lei aprovado na Câmara, segue agora para sanção do prefeito Fernando Haddad. O aplicativo, por enquanto, continua funcionando e por parte do aplicativo a esperança de continuar na ativa não falta com hashtag #FicaUber, divulgado pelas redes sociais da empresa.
O prefeito Haddad, em coletiva durante viagem a Paris, afirmou que planeja regular o Uber o mais rápido possível. Mas o serviço irá operar com modificações impostas pelo Executivo municipal. Ele explica que não quer que o aplicativo concorra com os mais de 30 mil taxistas da cidade de São Paulo, mas sim apoiar uma evolução tecnológica. “Estamos estudando os modelos no mundo e encontrando soluções muito inovadoras, que preservam o direito dos taxistas”, disse.
Rafael Simões (3˚ semestre)