Considerado um dos maiores atores do século XX, Grande Otelo foi um artista multimídia, tendo trabalhado no teatro, rádio, cinema e na televisão. Versátil e dono de uma consagrada expressão facial e corporal, destacou-se como ator, cantor, compositor, sambista e poeta. Seus personagens sempre tiveram um grande apelo popular, desde os tempos do Teatro de Revista, quando participou da Companhia Negra de Revistas, até quando interpretou Macunaína no cinema em 1969. Grande Otelo foi pioneiro e desbravador, primeiro artista negro a ocupar espaço de destaque no cinema e na televisão brasileira.
Otelo nasceu em 1915, em uma cidade de minas gerais, conhecida como Uberlândia. Lá, teve sua primeira experiência como ator aos sete anos, fazendo uma participação no circo.
Na ocasião, Bastiãozinho, como era conhecido, apareceu vestido de mulher interpretando a esposa do palhaço, o que causou enorme comicidade e sucesso.
Em São Paulo,, Bastiãozinho ganhou o nome artístico Otelo, que o acompanharia ao longo da carreira. O apelido surgiu na Companhia Lírica Nacional, onde o garoto tomava aulas de canto lírico. Devido à sua voz de tenorino, o maestro julgou que um dia o menino cresceria e cantaria a ópera Otelo, de Giuseppe Verdi. Pela estatura pequena, o apelido inicial foi Pequeno Otelo. Mais tarde, a crítica carioca, através de Jardel Jércolis, o denominou Grande Otelo.
Foi então que em 1926, com apenas onze anos, tomou parte, com grande sucesso, numa importante companhia de teatro de revistas, a Companhia Negra de Revista, composta exclusivamente por artistas negros, como Pixinguinha, que atuava como maestro, Donga, músico, e Rosa Negra, atriz e cantora. Mais tarde, na década de 30, foi trabalhando na companhia de teatro de revista de Jardel Jércolis que Otelo chegou como artista ao Rio de Janeiro, realizando seu sonho de infância.
No cinema, Grande Otelo foi um dos grandes destaques da “Atlântida”, quando protagonizou o filme “Moleque Tião” (1943), de José Carlos Burle, o primeiro sucesso da produtora. Foi na “Atlântida” que Grande Otelo fez uma grande parceria com “Oscarito”, que se tornou a dupla mais famosa e bem sucedida do cinema brasileiro, estrelando grandes sucessos como, “Noites Cariocas” (1935), “Este Mundo é um Pandeiro” (1946), “Três Vagabundos” (1952), “A Dupla do Barulho” (1953) e “Matar ou Correr” (1954), “Assalto ao Trem Pagador” (1962), “O Dono da Bola” (1961), “Quilombo” (1984).
No teatro, atuou em inúmeras apresentações, com diversos diretores, entre eles, Walter Pinto, Carlos Machado e Chico Anysio. Entre sua peças destacam-se: “Um Milhão de Mulheres” (1947), “Muié Macho”, Sim Sinhô” (1950), “Banzo Aiê” (1956) e “O Homem de La Mancha” (1973).
Na década de 50, Grande Otelo atuou na Televisão Tupi do Rio de Janeiro e na TV Rio. A partir de 1960 começou a realizar diversos trabalhos na TV Globo. Participou da novela “Sinhá Moça” (1986), do humorístico “Escolinha do Professor Raimundo” (1990/1993) e a novela “Renascer” (1993). Grande Otelo foi casado com a atriz e dançarina Maria Helena Soares (Joséphine Hélene), e com Olga Prata, com quem teve quatro filhos, entre eles o ator José Prata. Em 1993 viajou para a França para receberá uma homenagem no Festival dos Três Continentes realizado na cidade de Nantes.
Grande Otelo faleceu na França, no dia 26 de novembro de 1993, vítima de uma parada cardíaca