Para diretor do Brasil Post é errado dividir o jornalismo em on e offline

Os alunos de primeiro e segundo anos do curso de Jornalismo da ESPM, em São Paulo, receberam na tarde de quarta-feira (12) o jornalista Ricardo Anderáos, diretor editorial do Brasil Post, projeto fruto de uma parceria entre a editora Abril e o Huffington Post. Anderáos proferiu a aula magna do curso, em que observou o porquê de não podermos mais falar em separação entre jornalismo on-line e offline. Segundo ele, pode­-se ouvir uma matéria na rádio, ler alguma coisa no jornal impresso, ver na televisão e pesquisar na internet mais sobre o assunto. Tudo passou a ser interligado, e não separado.

Ricardo Anderáos fala sobre a importância dos meios on-line na ESPM. Foto: Carolina Cunha.

Depois de comentar sua trajetória profissional, com passagens pela Folha de São Paulo, UOL, Carta Capital, entre outros, Ricardo iniciou a conversa com os alunos focando na entrada das mídias digitais no mercado editorial. “O jornalismo era nas plataformas tradicionais”, comentou. “Na internet, o que se fazia era experimentação, era maluquice, eram testes. Mas era muito clara essa sensação de separação entre o on-line e o offline.”

Segundo o editor, em 2004 o Estadão foi o pioneiro no desenvolvimento de um projeto transmídia, o caderno Link. O objetivo era criar algo que funcionasse em diferentes plataformas, como o papel (onde o foco era o digital na vida das pessoas e como o boom da internet estava mudando o cotidiano), o rádio (mais focado na área humorística), e um website (que funcionaria como uma rede social dentro do Link). Nesse período, a ideia de “canibalização” da informação, em que se temia a destruição do produto caso se disponibilizasse o conteúdo dele de graça na web, era ainda intensa.

(Hoje), “já não dá para separar uma coisa da outra”, respondeu Ricardo à pergunta da estudante Letícia Teixeira sobre uma possível superação do meio on-line sobre o impresso. Segundo o diretor editorial, atualmente há mais pessoas lendo jornais por plataformas virtuais do que físicas. “As verbas publicitárias não migraram dessa forma ainda”, enfatiza. Mas seria só uma questão de tempo para que as grandes empresas confiem na internet, distribuindo os investimentos dos meios tradicionais de comunicação para outras áreas emergentes.

Hoje, temos canais como o Huffington Post, o Buzzfeed e o próprio Brasil Post que existem apenas virtualmente e contam com centenas de milhares de acessos. Ricardo mencionou que, durante os quinze dias que esteve no ar, o novo portal recebeu mais de 700.000 acessos únicos, e que a expectativa de acessos para o primeiro mês foi atingida em apenas uma semana.

As redes sociais têm influenciado muito no conteúdo e na forma em que as notícias são publicadas. Os SEO (otimização para motores de busca, em inglês) têm sido cada vez mais usados como estratégias para a divulgação de conteúdos. O sistema consiste na busca por palavras-chave que estão sendo comentadas em redes sociais para serem empregadas em manchetes.

Ricardo Anderáos, por fim, ressaltou que essa revolução tecnológica imprime uma nova lógica de mercado, tanto para os meios de comunicação, quanto para as empresas que os utilizam como veículos para suas propaganda: “Uma marca tem que interagir em todas as plataformas.”

Carolina Abrusio Cunha e Júlia Floriano (1º semestre)