No Dia do Jornalista, profissionais dizem o que esperar no futuro
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Arthur Salazar, Beatriz Araújo, Lua Cataldi e Luca Ioni (1º semestre) e Marcelo Santos, Mário Reis e Rafael Esher (3º semestre)
No domingo, 7 de abril, comemorou-se o Dia do Jornalista, data instituída em 1931 pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI), em homenagem ao jornalista Giovanni Battista Líbero Badaró.
Em linhas gerais, tecnicamente, podemos entender o profissional jornalista como a pessoa que trabalha no domínio da informação, seja numa publicação periódica escrita, audiovisual, impresso ou internet, de forma independente ou ligado a uma empresa, sempre com forte compromisso social. Atualmente, o jornalista e a própria profissão se encontram num momento de ampla transformação, acima de tudo influenciada pelas novas tecnologias da comunicação e informação.
Segundo a jornalista e professora de jornalismo da ESPM-SP, Patrícia Rangel, os profissionais devem sempre trabalhar para o interesse público: “Onde há notícia que seja de interesse, é missão do jornalista estar ali, embalando aquilo da melhor forma para poder levar para a sociedade. Se você tiver isso muito bem definido dentro de você, da sua profissão, não tem jeito de dar errado”.
Com a ascensão das mídias digitais, o profissional teve que se reinventar e adaptar seus métodos na produção de conteúdo, já que, a disseminação mais rápida de informação e, também, de fake news, exige que o mesmo aja contra o tempo para apurar os fatos. Em uma era de “prossumidores” (consumidores que também produzem conteúdo), acima de tudo na internet, disseminar conteúdo e ter acesso a ele é cada vez mais fácil.
Por esses e outros motivos, o Portal de Jornalismo ESPM-SP decidiu, além de parabenizar todos os profissionais nesta data, também ouvi-los, com o intuito de conhecer a expectativa e o que esperar do futuro do jornalismo.
Bruno Vicari (ESPN e SBT): “É um momento difícil da profissão. É preciso se reinventar e buscar novos caminhos.”
Paulo Calçade (ESPN): “Não se discute a importância do jornalismo, mas é preciso perceber as demandas de cada época e suas peculiaridades. O momento atual chega a confundir jornalismo de verdade, com responsabilidade e apuração, com fake news. Temos um presidente da República que confirma isso. Temos que nos ajustar, refletir e produzir conteúdo melhor, preciso e necessário para a democracia. É importante notar que as empresas jornalísticas têm seus interesses, que acabam balizando seus conteúdos. Em função disso, parte do público, que tem essa dimensão, vai escolher a linha editorial que mais lhe agrada. Já, do outro lado, temos os que transformaram o whatsapp em veículo de comunicação, o que é um perigo. Somos necessários!!!!”
Gustavo Villani (Rede Globo e SporTV): “Espero que o jornalismo siga com as funções sociais de sempre, investigando, denunciando e informando. As mudanças são rápidas, o modelo de negócio se transforma com as mídias sociais, mas a essência deve seguir.”
Bernardo Albuquerque (Rádio Bandeirantes): “Eu espero profissionais mais versáteis, capazes de escrever um bom texto, gravar vídeos e tirar fotos para uma mesma reportagem multimídia em coberturas esportivas e jornalísticas. A segmentação tende a acabar no jornalismo. Um bom repórter deverá estar apto a falar de esporte, cultura e política.”
Adriana Araújo (TV Record): “Em televisão, eu acho que a gente tem um grande desafio que é a estrutura. Eu sempre digo que TV se faz no plural, não é trabalho de uma pessoa só. Você sempre está envolvido com muitas pessoas e equipamentos. É essa a grande dificuldade da televisão, trazer sempre novas tecnologias para não ficar ultrapassada, defasada. O trato com as fontes na cobertura política, por exemplo: a gente está num momento muito desafiador, porque é o momento das fake news. É o momento em que as pessoas acham que, pelo twitter, qualquer coisa é válida e multiplicam sem saber. É um momento para o jornalista refletir e repensar, e para as outras pessoas também pensarem na importância da função do Brasil, o papel do jornalismo no Brasil. Porque a gente viu o que se passou nas últimas eleições, o peso que o whatsapp e as redes sociais tiveram. No momento, esse é um grande desafio.”
Nilson Klava (GloboNews): “Sempre terá pessoas dispostas a ouvir boas histórias e tá aí o objetivo principal do jornalista, que é, justamente, contar, encontrar e contar essas boas histórias. Acredito que a nossa profissão seja imprescindível, então, independentemente do meio e do veículo, tem que estar presente para cumprir o seu papel, que é de dar instrumento para que as pessoas possam exercer, da melhor forma possível, a cidadania. O nosso papel é traduzir uma notícia, aproximar o cidadão da notícia, torná-la o mais atraente, interessante e didática possível, dar instrumentos para que a conclusão seja tirada por esse cidadão, para exercer a cidadania. Sobre o futuro, independentemente dos instrumentos e dos meios mudarem com as novas tecnologias, a função do jornalista continua sendo a mesma, e ao resto você vai se adaptando num mundo cada vez mais digitalizado, que tá na palma da mão, com o celular. Isso (tecnologia) não significa de forma alguma o enfraquecimento do jornalismo, muito pelo contrário, é só uma adaptação.”
Joseval Peixoto (Rádio Jovem Pan): “A expectativa para o futuro do jornalismo é muito grande, porque cada vez mais o mundo precisa de informação. A Google noticiou que excluiu 800 mil fake news do sistema, ou seja, o número de mentiras é cada vez maior no mundo moderno. Portanto, o Jornalista é absolutamente necessário!!!”
Mauro Beting (Esporte Interativo): Nesse mundo corrompido, corroído, em que a gente está absolutamente perdido na mídia, jornalista ainda é necessário, ainda é preciso, desde que ele não se ache mais importante que a notícia. Se, eventualmente, já não vamos trabalhar mais na grande imprensa (com aspas ou sem aspas) que a gente pelo menos possa sempre buscar a melhor versão possível dos fatos no nosso blog, no nosso vlog, no nosso canal do youtube ou onde quer que seja, desde que se monetizem suficientemente. Eu acho que a gente tem que começar vender o peixe e vender farofa, vender o papel que vai embrulhar esse peixe, enfim, tem mais que ser multimídia e cada vez mais multimodos, ou seja, a gente tem que ter um pouco mais de responsabilidade social.