“Na televisão é mais fácil errar do que acertar”, diz Chris Flores, da TV Record
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Chris flores durante palestra na ESPM-SP. Foto:Letícia Teixeira
Paulistana, nascida em 1977, Chris Flores se formou em jornalismo pela PUC de São Paulo. Começou sua carreira em redações de impressos e trabalhou também na área empresarial. Na televisão sua estreia foi no programa Tudo a Ver, da Rede Record de Televisão, onde tinha um quadro em que falava sobre as celebridades. Atualmente, a jornalista e apresentadora trabalha ao lado de Celso Zucatelli e Edu Guedes no programa Hoje em Dia, da mesma emissora.
Chris esteve no dia 20 de fevereiro no campus da ESPM para realizar uma palestra sobre a carreira do jornalista e os desafios do jornalismo televisivo. Na oportunidade, ela deu uma entrevista ao Portal de Jornalismo e falou sobre sua carreira na TV.
Portal de Jornalismo ESPM: Você trabalhou como colunista social. Você acha que tem algum preconceito por parte dos jornalistas com essa área?
Chris Flores: Tem! Tem muito preconceito. Eu fui bem pior do que colunista social, eu fui repórter de celebridade. Colunista social ainda tem certo glamour, porque você tem a alta sociedade e tudo mais. Mas você ser repórter de celebridade é a escória dentro de uma redação. As pessoas acham que é o pior trabalho que tem, e de fato é! O esporte é legal, é descolado; a política tem aquele peso, aquela importância; a economia são os caras inteligentes, o internacional é o pessoal que sabe falar várias línguas. E o de celebridade? É aquele que foi achado num canto e foi para ali entendeu? (risos)! Mas eu fui trabalhar com celebridades, porque eu adorei esse mundo, então eu fui trabalhar com gosto. É difícil? É, porque você vai trabalhar com gente que não tá afim de falar, que tá afim de aparecer, mas que não é relevante pra você. É pé na lama mesmo. Mas eu aprendi demais. Você aprende a ir atrás, a checar fonte, a ficar na chuva esperando aquelas aspas que você precisa. Então você aprende como ser repórter de verdade. Agora, há muito preconceito, as pessoas acham que é simplesmente fofoca. Sempre tentei dar esse ar e dou até hoje de jornalismo e entretenimento, de jornalismo de celebridade. Não que não seja fofoca, mas a gente pode tratar com seriedade com checagem. E tem um limite muito tênue entre dar a notícia e invadir a privacidade, é uma área muito complicada. Até que ponto você pode e até que ponto você não pode? Na celebridade é tudo muito no condicional, então a chance do erro é grande.
PJ ESPM: Você falou que a postura do jornalista é diferente do apresentador. Você sentiu dificuldade quando entrou no Hoje em Dia?
Chris Flores: Muita. Porque a gente tá na linha de show e não como jornalista. Quando você tá no jornalismo, você pode simplesmente sentar numa bancada e ler um TP. Você pode comentar? Até pode, mas a sua obrigação ali é só repassar a notícia. Na linha de show a gente tem a obrigação de entreter. Então eu tive muita dificuldade, porque eu estava só acostumada a dar notícia.
PJ ESPM: Como você conseguiu equilibrar? Por que no Hoje em Dia você é apresentadora, mas também faz papel de jornalista, por que você dá uma notícia. Como você conseguiu?
Chris Flores: Eu acho que a gente vai aos poucos e o público vai percebendo quando você quer falar sério e quando você quer brincar. O mais importante é você ser bem didático.
PJ ESPM: Você trabalhou com jornalismo corporativo, na Pfizer. Como foi? É muito diferente trabalhar com empresas e fazer jornal impresso ou TV?
Chris Flores: É bem diferente, mas me ajudou bastante a fazer entrevistas. Eu trabalhava em assessoria de imprensa, por exemplo para a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Hoje isso me ajuda quando eu preciso entrevistar um advogado. Eu já sei que postura devo ter que tipo de linguagem eu tenho que usar. Então isso me ajudou na postura na hora de entrevistar uma pessoa, como presidentes de empresas, eu pude entrevistar. Me ensinou como conversar com essas pessoas.
PJ ESPM: E ajudou também na TV?
Chris Flores: Ajudou também. Ajudou muito porque a TV é um mix de tudo. Fiz minha pós em jornalismo internacional, nunca fui correspondente, mas a pós me ajudou demais. Então leiam muito, conversem muito. O jornalista é isso. É você entender de tudo sem entender de nada. Você tem que ser generalista. E, na TV, mais ainda.
Letícia Teixeira e Tainá Valadares (1º semestre)