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Mudança de pensamento é condição para debate sobre o clima, dizem professores da ESPM

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Alexandre Uehara, Mariana Oreng, Pedro Saad e Marcus Nakagawa, professores da ESPM, no evento SP+Verde, no Parque Villa-Lobos. Foto: Felipe Dorini

Felipe Dorini (6º semestre)

As grandes empresas brasileiras precisam de uma mudança de mentalidade para que passem a priorizar investimentos voltados à sustentabilidade, à preservação do meio ambiente e ao combate às mudanças climáticas. Essa é uma das principais condições para o avanço do debate sobre o clima no país.  

O entendimento é de professores da ESPM-SP que participaram de uma mesa sobre a “Infraestrutura regulatória verde” no evento SP+Verde, organizado pelo Governo do Estado de São Paulo, para debater questões climáticas, às vésperas do início da COP30. A participação aconteceu nesta terça-feira (4). Na conversa, estavam Demétrius Pereira, Mariana Oreng, Pedro Saad e Marcus Nakagawa, sob a mediação do coordenador do curso de Relações Internacionais, Alexandre Uehara.  

O professor Demétrius Pereira, doutor em Ciência Política pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), abriu o debate com um histórico da pauta climática. Segundo ele, a preocupação com as mudanças climáticas não é recente. Em 1992, na chamada Rio-92, aconteceu o primeiro grande debate. De lá para cá, os países em desenvolvimento começaram a ter obrigações climáticas e, hoje, a grande questão é como detalhar e implantar a convenção.

Demétrius Pereira, Alexandre Uehara, Mariana Oreng, Pedro Saad e Marcus Nakagawa durante debate. Foto Felipe Dorini

Em seguida, a professora Mariana Oreng, doutora em Economia pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), explicou que existe um marco regulatório que conecta as metas desenvolvidas na COP com os interesses do mercado. A economista também trouxe que caso o Brasil recebesse US$ 12 (aproximadamente R$ 64,33 na cotação atual) a cada tonelada de carbono evitada pelo agronegócio de baixa produtividade, o país teria força para recuperar as florestas em 13 anos.  

Logo após, Marcus Nakagawa, doutor em Sustentabilidade pela Universidade de São Paulo (USP), completou a fala de Mariana indicando que para uma evolução no debate climático é necessário que as grandes corporações, como bancos e seguradoras, tenham uma mudança de pensamento e comecem a investir em empresas que prezem por boas práticas de sustentabilidade.  

Para ele, este movimento começou em 2019, com as práticas de ESG (Environmental, Social and Governance: Ambiental, Social e Governança, em português), mas que os políticos tradicionais dos Estados Unidos travaram o avanço.  

Pedro Saad, doutor em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), alertou que quando o assunto é clima, “tudo está ligado em tudo”: a questão ambiental, social, econômica. De acordo com Saad, 50% das metas não são alcançáveis, mas o maior problema são os pontos de não retorno (quando não há mais solução para o problema encontrado).  

Saad ainda apontou que o Brasil é um dos expoentes no debate sobre clima. Para ele, nesta temática, o país “abre e fecha o debate”. Para se ter uma ideia, 70% da energia solar e eólica do mundo está no hemisfério sul, onde fica o Brasil. Isso abre a porta para muitos investimentos. A ausência de investimento no país, pelo menos hoje, se dá por falta de segurança jurídica, pois as seguradoras (privadas) não querem se comprometer, afirmou o professor.  

Alexandre Uehara, doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP), questionou como o Brasil pode ajudar outros países a limpar a sua matriz energética. Para Mariana Oreng, o país, pelo menos hoje, não deve “pensar no problema dos outros”, pois apesar de a matriz brasileira já ser limpa, a população ainda carece de muitos investimentos governamentais. De acordo com ela, mais da metade dos brasileiros não tem nem saneamento básico.  

O SP+Verde 

O Summit Agenda SP+Verde é um evento pré-COP, promovido pelo Governo do Estado de São Paulo, Prefeitura de São Paulo e Universidade de São Paulo (USP). O objetivo é promover o debate sobre desenvolvimento sustentável e economia verde. 

A abertura do evento foi com uma fala do governador Tarcísio de Freitas, em que foi anunciado um acordo de US$ 110 milhões com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para desenvolver projetos sustentáveis no estado. “Nosso plano de ação climática conversa com nossos planos estaduais de energia, resiliência e logística e investimentos. Celebramos, entre tantas parcerias, esse acordo de US$ 110 milhões da agência Desenvolve SP com o BID para levar crédito a empresas que vão se dedicar à transição energética e estão investindo muito nesse tema estratégico”, disse Tarcísio. 

O evento aconteceu nesta terça-feira (4) e quarta-feira (5), no Parque Villa-Lobos, em São Paulo, com debates divididos entre quatro eixos temáticos: Finanças Verdes; Resiliência e o Futuro das Cidades; Justiça Climática e Sociobiodiversidade; e Transição Energética e Descarbonização. 

A COP30 na ESPM-SP 

A COP30 acontece em Belém (PA), a partir da próxima segunda-feira (10). O curso de Jornalismo da ESPM fará uma cobertura experimental especial do evento, realizada por alunos do curso de Jornalismo.  

A Web Rádio ESPM terá uma cobertura ao vivo no YouTube de segunda a sexta, das 15h30 às 16h (de Brasília). Para acompanhar a cobertura, clique aqui e acesse o canal da Agência de Jornalismo da ESPM no Youtube.  

A cobertura experimental da COP30 também estará no Portal de Jornalismo da ESPM e no Instagram. 

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