Fra Filippo Lippi foi um dos grandes artistas do Renascimento, movimento sócio, político
e cultural que marcou a transição do feudalismo para o capitalismo na Europa.
As obras mais famosas de sua autoria são os afrescos na Catedral de Prato, na Toscana, e A Madona com Menino Jesus e Anjos. Mas, antes de falar sobre seus grandes feitos, voltemos um pouquinho na história.
Nascido em 1406, em Florença, na Itália , Lippo Lippi, como era chamado, perdeu seus
pais quando criança. A tragédia familiar fez com que sua guarda caísse nas mãos da tia, Mona Lapaccia. Mas, as condições financeiras não eram das melhores e ele precisou se mudar, aos oito anos, para um convento.
A educação religiosa fez com que ele fosse admitido na comunidade de frades carmelitas. Ali, estudou de 1420 a 1432, e foi ordenado sacerdote.
O período fez com que Fra Filippo Lippi desenvolvesse um profundo conhecimento sobre o catolicismo, seus símbolos e significados. Inspiração primeira para a realização de sua expressão artística, desenvolvida ainda no convento, sob os cuidados do professor e pintor Lorenzo Mônaco. Outro referencial foi o também italiano Tommaso di Ser Giovanni di Simone, mais conhecido como Masaccio. Segundo o biógrafo Giorgio Vasari, Lippi acompanhou o mestre durante o seu trabalho na capela Brancacci , na Igreja de Santa Maria del Carmine, em Florença, onde aprendeu técnicas variadas de pintura.
Em 1434, ele inicia uma de suas mais emblemáticas obras, A Coroação da Virgem, no
altar principal da Igreja de Santo Ambrósio. A têmpera sobre madeira só é finalizada em
1441 e Lippo recebe o pagamento por ela apenas em 1447. Na figura de mais de 2 metros de altura e largura, o artista retratou a coroação de Madonna no Céu , cercada de santos e anjos. Nesse meio tempo, ele conhece a freira Lucrezia Buti , que passa a ser a sua companheira e musa. Muitos historiadores acreditam que ela serviu de modelo para seus retratos femininos. Com ela, teve dois filhos, Filippino, que também virou pintor, e Alessandra.
Apesar de, segundo biógrafos da época, ele ter escandalizado ao se casar com uma freira, isso não afetou a sua carreira. Inclusive, a peça monumental da coroação de Madonna fez Fra Filippo Lippi cair nas graças dos Médici , família italiana de grande influência política da época. Para eles, o artista fez sob encomenda as obras Anunciação e Sete Santos. Após finalizar esses dois trabalhos, Lippi retorna aos altares católicos para fazer o afresco sobre São João e Santo Estêvão, na Catedral de Prato . A leveza e grandiosidade da obra, que acompanha a arquitetura da construção, é tida por muitos críticos como a sua principal obra. Dois anos depois, em 1467, ele se muda para Spoleto para retratar a vida da Virgem Maria na Catedral de Spoleto. Porém, brigas familiares e disputas religiosas o fazem morrer envenenado, deixando os afrescos para serem finalizados por seu fiel ajudante, Fra Diamante.
Para os críticos da arte renascentista e historiadores, as obras de Fra Felippo Lippi são
dinâmicas, cheias de ação, mas retratadas com sutileza. Além disso, ele também é visto
como um dos maiores no quesito coloração, já que a composição de cores proposta por ele e a sua aplicação sobressaem aos olhos independentes da superfície.