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Afetos Edição 08 - Afetos Plural

Transexuais relatam dificuldades de relacionamento por causa do preconceito

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Juliana Cândido

Luiz Felipe Simões

Lydia Aguiar

Nadjine Hochleitner

»»» De um lado, pessoas que buscam poder exercer sua individualidade. Do outro, a opressão de uma sociedade que impõe limites de identidade. Vivendo – ou sobrevivendo – em um mundo permeado de preconceito e estereótipos, os transexuais acabam marginalizados. Diante disso, onde encontram afeto? Atravessando dia após dia quase sempre sem apoio de parentes, amigos ou instituições, os transexuais têm dificuldade em encontrar pessoas que entendam e aceitem sua identidade de gênero. Estão sozinhos em meio a um ambiente de discriminação.

Os transexuais não desfrutam dos mesmos privilégios e nem obtêm respaldo da sociedade da mesma maneira que os cisexuais, pessoas em que não há conflito entre o sexo biológico e o modo como se sentem e encaram psicologicamente. De acordo com a Articulação Nacional de Transgêneros (Antra), cerca de 90% dos transexuais e travestis se prostituem. Não existe nenhum outro  grupo que esteja tão entranhado nesse meio. Dentre os poucos que conseguem ficar fora dessa estatística, muitos não têm salários satisfatórios.

A transexual Giu Nonato afirma que é mais difícil se relacionar com “pessoas em uma realidade privilegiada” do que com indivíduos que, como ela, não têm o mesmo acesso a educação e emprego | Foto: Debora Neves

A transexual Giu Nonato afirma que é mais difícil se relacionar com “pessoas em uma realidade privilegiada” do que com indivíduos que, como ela, não têm o mesmo acesso a educação e emprego | Foto: Debora Neves

A transexualidade é definida por uma circunstância em que o indivíduo não se identifica psicologicamente com seu sexo biológico. A explicação estereotipada é de uma mulher presa em um corpo masculino ou vice-versa. Mas muitos membros da comunidade transexual, assim como estudiosos, rejeitam essa formulação e consideram que os homens e mulheres transexuais também podem adotar uma série de orientações sexuais alternativas, assim como os cisexuais. Mas o afeto que os jovens cis encontram em suas casas, escolas e trabalho, com carinho, amor, respeito e cumplicidade, raramente é experimentado por uma pessoa trans.

Nanci, de 45 anos, a primeira mulher trans a passar pela transgenitaliação no Hospital das Clínicas, tem opinião polêmica sobre o assunto: “Vejo essas pessoas que se prostituem falando que é a única opção, mas essa é a opção mais fácil. É questão de você se sentir bem fazendo, e eu nunca fui para esse lado”.

“Quando eu me assumi como mulher trans para os meus pais, meu pai me disse: se você quiser ser mulher, vai ser mulher fora de casa. Dentro da minha casa você não vai ser mulher”, desabafa Ariel Nolasco, de 21 anos. “Então o único jeito de eu estar dentro da minha casa era vestida de menino, vivendo uma vida que não era a minha. Eu precisei me submeter a isso para não ir para a rua.” Ariel ouvia de seus pais que tinha que ser homem de verdade. “Começa pela exclusão escolar, sabe? Na escola você não é bem-vinda, não te tratam pelo seu nome, pelo seu gênero. Você não pode usar o banheiro para fazer xixi. Então muitas abandonam os estudos.”

Além das dificuldades que os transexuais enfrentam para ingressar em escolas, utilizarem o nome social e conviverem com os cisexuais no início de seus processos de transformação, esse período também pode ser caracterizado pela falta de aceitação de si mesmo. Muitas vezes, sem entender os seus verdadeiros sentimentos e corpos, com medo da reação dos familiares, os jovens se afastam de tudo.

Manifestação contra o preconceito durante Parada LGBT | Foto: Nadjine Hochleitner

Manifestação contra o preconceito durante Parada LGBT | Foto: Nadjine Hochleitner

Segundo Nanci, o processo de ganhar confiança é árduo. “Sempre me identifiquei como menina, e é muito complicado porque na cabeça de uma criança ela não sabe o que está acontecendo. Então sempre achei que era uma menina e que tinha algo errado comigo. Sempre achava que uma fada ia me transformar, mas o tempo foi passando e nós descobrimos que a fada não vem.”

Nanci teve sorte em comparação a outras trans. Desde o início, contou com auxílio de um diretor do Hospital das Clínicas e de um grupo de apoio durante sua transformação e preparação para cirurgia. O atendimento em grupo foi essencial para a sua decisão. Ao contrário das histórias compartilhadas pela maior parte da comunidade transexual, Nanci teve máximo apoio de sua mãe.

Quando jovem, antes de passar pela transgenitalização, Nanci se sentia pressionada a contar para os homens que é transexual. Tinha receio em relação ao sexo, medo do preconceito. “Eu saía com homens, então o cara gostava de mim e ficava querendo sair várias vezes, aí eu pensava: ai meu Deus, vou cozinhar esse cara até quando?”, descreve.

Mas as mulheres transexuais também têm vontade de encontrar um companheiro, uma pessoa para cuidar e ser cuidada. Têm ânsia de encontrar uma pessoa que entenda e ofereça o apoio que não tiveram em algum momento de sua vida. Nem sempre as mulheres têm essa sorte, mas não é por isso que deixam de buscar o afeto em outras coisas, como Nanci, que está solteira, mas se sente feliz e satisfeita exercendo a profissão que gosta e cuidando de sua mãe. Alcançou a casa própria, seu carro e busca conquistar seus sonhos a cada dia que passa.

Ika Carneiro, de 21 anos, está em um relacionamento com um homem transexual que, apesar de não ser um namoro sério, traz serenidade a ela. “Vivemos em um mundo onde o afeto é negado para nós. Eu me relaciono com pessoas trans porque nós conseguimos nos entender. Mas é lógico que a solidão que nós passamos quando percebemos que estamos fora da zona de afeto de qualquer pessoa é difícil, mas eu estou feliz com a pessoa que está comigo porque nós conseguimos nos entender e construir afetos muito mais legítimos.”

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