Jornalistas sempre foram mortos ou perseguidos, diz Marcelo Godoy
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Membro da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Marcelo Godoy considera o jornalismo uma profissão de risco. No Brasil, 31 jornalistas foram assassinados desde 1992
Apesar de não parecer, o jornalismo é uma profissão de risco. Assim como policiais e bombeiros, os profissionais de imprensa se arriscam durante o expediente. Hoje, o Brasil é o 11º país mais perigoso para jornalista, segundo dados do Comitê de Proteção ao Jornalista (CPJ). Desde 1992 a 2015, foram 31 mortes incluindo nomes como Tim Lopes da Rede Globo, morto por traficantes no Complexo do Alemão, Rio de Janeiro.
De acordo com a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), foram relatados 18 casos de assassinatos em 11 Estados diferentes no ano de 2014. A maioria das baixas confirmadas ocorreram em território nacional (97%), conforme relata a CPJ.
’’O limite teórico é a vida e a segurança física do jornalista. Ele não deve ir além do ponto em que sua segurança está claramente preservada “, comentou o professor de Ética no Jornalismo da ESPM-SP, Leão Serva, sobre os principais cuidados que deve ter um jornalista. ”Mas existem muitas situações imprevisíveis “, completou.
Serva já conviveu com diversas situações de perigo em campo. Além de agressão, sofreu com detenção e tortura, enquanto viajava e trabalhava ao redor do mundo. Na maioria das ocorrências, os jornalistas que cobrem política e guerra são os mais propensos a riscos, como indicam os números do CPJ. Porém, direitos humanos e corrupção exibem um índice elevado com 226 e 219 mortes, respectivamente.
No que diz respeito a liberdade de imprensa e a questão da ética sociocultural, Godoy afirma que os jornalistas devem ser protegidos pelos países como qualquer cidadão. “Quem não respeita seu cidadão não vai respeitar o jornalista também. Somente a afirmação internacional dos direitos humanos pode proteger também os jornalistas”, diz.
Nesse contexto, a estudante de jornalismo do segundo semestre, Mariana Souza, conta que pretende seguir na área investigativa e gostaria de cobrir guerras. Contudo, descarta o Oriente Médio devido aos conflitos religiosos, constantemente presentes na região.
“Eu particularmente, gosto de correr riscos e me colocaria fácil em um trabalho de jornalismo investigativo. Essa ocupação faz com que tenha que ter muitas pesquisas e muito cuidado ao lidar com certos tipos de assunto”, relata Mariana sobre o interesse pela investigação.
Serva explica como treinar e se preparar para os perigos da profissão. “Isso vale para qualquer área da profissão. Um jornalista de política pode provocar a ira de políticos. No caso das coberturas de conflito, hoje é unânime nas grandes redações a convicção de que há treinamentos e equipamentos que reduzem os riscos”.
Godoy, que entrevistou um integrante do PCC na Baixada Santista, aconselha a não dar atenção às ameaças. “Essa é a principal. Depois, saber identificar as ameaças reais daquelas que são apenas ameaças. Não se expor indevidamente.”
Juliana Marques e Pedro D’El (2 semestre)