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Sinto muito, hoje eu não vou encontrar vocês. Estou jogando GTA!

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Já estava tarde e o céu aceso iluminava a noite de sexta-feira. Cenário ideal para reunir todos os antigos amigos do colegial para conversar, beber e matar as saudades. Quase todos compareceram, menos um. Resolvemos, então, ligar para ele.

-Alo?

-Oi, cadê você?

-Estou em casa, por quê?

-Todo mundo já está aqui, vem pra cá!

– Hoje eu não vou encontrar vocês, nem pensar… estou jogando GTA!

Fiquei abismada com a resposta, perplexa com a naturalidade. Quem deixa de ir a uma reunião escolar de antigos amigos, que não se veem há mais de um ano, para jogar um videogame? Já tinha visto ‘posts’, fotos e conversas sobre esse estouro de “bye bye social life” (adeus, vida social), mas nunca achei que chegaria a esse ponto. Tive a ideia de pesquisar os motivos desses vícios que, supostamente, podem acabar com a vida social de alguém.

Conversei com a psicóloga Paula Falcão para descobrir o que se passa na mente de um indivíduo quando joga GTA. “O jogo fez um excelente trabalho em criar uma história que intriga a qualquer um. Mas o grande lance é que ele te oferece a oportunidade de uma outra vida onde tudo é possível”, ela me respondeu. É ai que entra o vício dos homens, penso eu. Dominados pela testosterona, os indivíduos masculinos são atraídos pelas características violentas que o jogo apresenta.

Allison, estudante de jornalismo, complementa falando que o estilo livre, “é uma ‘second life,’ com ações próprias. Tudo que você pensa fazer, mas o bom senso não te permite, no GTA é possível. “Você pode meter o louco e correr de cueca se você quiser”, conta. Considerado um jogo de maior resolução, a imagem passa a ser uma simulação da vida real. Por isso dizem que o videogame está substituindo o cinema, porque no filme você vê o que está acontecendo e pensa: “nossa que legal, gostaria de poder fazer isso”, mas no GTA você realmente faz.

A história tem três personagens principais: Trevor—o chefe bandido caracterizado pela tatuagem pontilhada em seu pescoço escrito ‘cut here’ (“corte aqui”, em português), Michael—estelionatário, amigo de Trevor e Frankin—que veio do subúrbio e faz parte de uma gangster. Cada um com seus atributos que os tornem únicos e essenciais para a história.

No jogo, roubar ou matar são missões que o jogador deve cumprir. Paula opina dizendo que a capacidade do criador de consolidar as missões com a historia é o fator vício que deixa a todos enlouquecidos.

O especialista em criação de jogos, Thiago Rocha, afirma que os jogadores são atraídos estrategicamente. “Como arrumaram as coisas desde a quarta edição do jogo, desde 2000 mudou muito. Teve troca de personagem, que nunca aconteceu em qualquer outro GTA, eles deixaram o jogo real e engraçado, pelo motivo de poder zoar, como andar somente de cueca ou ficar barbudo”.

Como foi feito? Como um criador fez uma imagem tão realista? “Eles começaram do zero, um dos motivos do GTA ter sido isso é que teve um início e a oportunidade de receber um feedback dos jogadores. Eles foram os precursores da ideia do politicamente incorreto, que já seduz algumas pessoas. Os criadores conseguiram atrair todos os públicos, tem ação, então atrai as pessoas que gostam de suspense, ai eles vão e colocam carros para os fãs de corrida, e ainda mais com o fator violência que atrai qualquer homem”.

Agora, quando você junta tudo isso em uma qualidade HD, não tem quem resista. Tiago acabou o jogo depois de duas semanas ininterruptas. “Agora que zerei o jogo, vou resumir minha vida social”.

Acho que entendi. Meu amigo, Guilherme, deixou de ir ao nosso encontro porque queria descobrir o que ia acontecer em sua missão.

Bianca Paulino (1º semestre)

Imagem do GTA 5. (Foto: Divulgação)