Fundação Dorina Nowill ilumina vida de deficientes visuais

Local oferece diversas oportunidades a deficientes visuais. Foto: Divulgação

Foi no dia 28 de março de 1919 que a história de Dorina de Gouvêa Nowill começou. Em 91 anos, grandes feitos foram realizados por ela. E nada do que foi feito morreu com a fundadora em 2010. Pelo contrário, ela deixou a pessoas com deficiência visual a oportunidade de viver com dignidade e uma lição de vida para os que enxergam.

Aos 17 anos, Dorina perdeu a visão e percebeu que havia uma carência de livros em braille no Brasil. Ela começou então a planejar um local para ajudar os deficientes visuais como ela. Foi com essa ideia que a instituição surgiu, antes com o nome de Fundação para o Livro do Cego no Brasil, iniciando suas atividades em 11 de março de 1946. Só depois tornou-se a fundação Dorina Nowill.

A luta de Nowill para incluir o deficiente visual na sociedade e na leitura teve sucesso. Hoje, a Fundação é uma das maiores produtoras de livros em braille do mundo, de acordo com Silvia Sertorio, responsável pelo Centro de Memória da instituição.  “Nos últimos 60 anos, todas as pessoas que passavam por aprendizado do braille no Brasil recebiam um livro da fundação”, completa.

A Fundação Dorina Nowill oferece livros de quatro diferentes formas: em braille tinta braille, digital e falado. Silvia explica que cada um é indicado para um caso especifico. É essencial que o braille seja conhecido pelos leitores. Já no método de tinta, o livro é feito com letras grandes e braille, o que facilita a leitura das pessoas com baixa visão. No formato digital, feito pelo software DDReader, há descrição das imagens; e no modo falado, é utilizada a leitura branca, sem interpretação, para que o ouvinte tenha sua própria compreensão do texto. A Fundação ainda recebe voluntários para gravar as leituras, os “Ledores”, desde que tenham uma boa voz, explica Sertorio.

Além do apoio à leitura, há outros três tipos de atendimento na Fundação Dorina Nowill. O primeiro é a Clínica de Visão Subnormal, que atende todas as idades. Nela, há especialistas em oftalmologia, treinamento visual e auxílios ópticos.  Na Educação Especial, há avaliação, intervenção precoce, desenvolvimento de habilidade e complementação educacional dos atendidos, com idades até 17 anos. Já na Reabilitação, setor que atende pessoas a partir dos 18 anos, ocorrem avaliações oftalmológicas, reabilitação social e testes de empregabilidade.

Biblioteca Circulante

A Dorina Nowill tem a maior editora de livros específicos para deficientes visuais da América Latina, com um acervo de 2500 títulos dos mais diversos gêneros.

“Nós possuímos a Biblioteca Circulante do Livro Falado, com acesso gratuito ao acervo para utilização da pessoa cega e baixa visão”, explica Ezequiel Messias, funcionário da Fundação. Os livros podem ser retirados pessoalmente ou postados pelo correio gratuitamente, como empréstimo. Além do empréstimo, o local também promove doações de livros, distribuídos gratuitamente para escolas e bibliotecas de vários estados do Brasil.

A revisora de braille e cliente da biblioteca, Andréia Aparecida, 35 anos, afirma que gosta muito do local e usa os exemplares com frequência. Ela explica que perdeu a visão há 10 anos, mas isso não a impediu de manter seu amor pela literatura. “Conseguimos ter o mesmo prazer na leitura como qualquer outra pessoa”, diz. Além de emprestar livros, a Fundação também recebe doações dos usuários. “Os clientes cedem exemplares que não querem mais e isso ajuda a outras pessoas que querem o livro”, explica Edson Pereira, 35 anos, revisor de braille e frequente usuário da biblioteca.

Além da biblioteca, a Fundação oferece cursos profissionalizantes para os deficientes visuais, como aulas de informática e massoterapia. O local também promove workshops de acessibilidade que, de acordo com Silvia Sertorio, é de extrema importância para os deficientes, pois auxiliam os deficientes visuais a se locomoverem com autonomia.

Memória e corrida

A Fundação, apesar de focar nos deficientes visuais, abre suas portas para os que  enxergam. O lugar é palco do Centro de Memória onde, desde 2002, reserva o primeiro Museu da Cultura Cega. Com agendamento por telefone, pode-se visitar a atual exposição “E tudo começou assim: ações, projetos e histórias que mudaram a vida das pessoas com deficiência visual”.

A Dorina Nowill começou, em 2015, uma parceria com a Run Stock Car, corrida de rua apoiada pela fórmula automobilística. Em todas as etapas, haverá urnas para que os participantes doem seus cupons fiscais sem CPF para a causa da Fundação.

A primeira prova ocorreu no dia 4 de abril. A próxima acontecerá em Brasília, no dia 12 de setembro. E a novidade é que há estímulo para a participação de deficientes visuais que quiserem participar.

Serviço – Fundação Dorina Nowill

Programa de Atendimento Especializado:

(11) 5087-0998 – [email protected]

Biblioteca Circulante:

Pessoas Físicas: (11) 5087-0990 – [email protected]

Pessoas Jurídicas: (11) 5087-0960 – [email protected]

Prestação de Serviços:

(11) 5087-0984 – [email protected]

Voluntariado:

(11) 5087-0970 – [email protected]

Bazar Fundação Dorina:

(11) 5087-0997 – bazar@fundaçãodorina.org.br

 Thayane Matos (3º semestre)