Variação na modelagem impacta consumo feminino
Comprar roupas deveria ser uma atividade simples, mas para muitas mulheres, é sinônimo de frustração. A falta de padronização na numeração de roupas femininas faz com que uma consumidora vista um tamanho em uma loja e precise de outro número em outras. Essa variação, comum no mercado de moda, afeta o consumo e a autoestima, gerando desconforto e questionamentos sobre o próprio corpo.
Por que os tamanhos variam tanto?
A ausência de um padrão universal é a principal razão. Marcas adotam diferentes tabelas de medidas com base em suas estratégias de mercado e públicos-alvo. Segundo a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), existem diretrizes para a fabricação de roupas, mas elas não são obrigatórias. Com isso, cada empresa define suas próprias grades de tamanho.
“A cada vez que vou comprar roupas, preciso levar três tamanhos diferentes para o provador, porque nunca sei qual vai servir”, comenta Victória Melo, estudante de Jornalismo da ESPM-SP. Esse tipo de frustração é frequente e, muitas vezes, o desconforto com as peças afeta diretamente a autoestima das consumidoras.
A relação entre tamanhos e padrões de beleza
O problema é intensificado pelos padrões de beleza. Ao longo das décadas, o ideal estético foi influenciando as modelagens das roupas. Nos anos 1950, corpos com cintura marcada e quadris largos eram a norma. Já nos anos 1990, a magreza extrema dominava as passarelas. Hoje, corpos curvilíneos são o padrão, refletindo na construção das peças que, muitas vezes, não contemplam a diversidade de formas femininas.
Eduarda Porto, estudante de Comunicação e Publicidade da ESPM-SP, relata: “Sinto-me perdida em muitas lojas. Um tamanho que funciona em uma, simplesmente não me serve em outra”. Ana Paula, aluna de Relações Internacionais da mesma faculdade, acrescenta: “Quando meu tamanho usual não serve, fico achando que o problema está no meu corpo, mas a verdade é que a roupa não segue um padrão.”
O caminho para uma moda mais inclusiva
Iniciativas como coleções size-inclusive e a criação de tabelas de medidas mais transparentes já surgem no mercado. No entanto, o processo de mudança ainda é lento. Algumas marcas têm se destacado ao investir em uma comunicação clara sobre suas medidas e ao incluir maior diversidade corporal em suas campanhas. Enquanto isso, as mulheres seguem enfrentando os desafios e a frustração dos provadores, uma situação que impacta tanto o consumo quanto a relação delas com o próprio corpo.