Estudo reflete desvalorização da profissão de professor no Brasil
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João Pedro Restani (2º semestre)
Historicamente sempre foi muito discutida a desvalorização que os professores sofrem no Brasil, tanto no que se refere ao salário quanto a profissão em si. A Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou no último dia 16 um estudo que analisou 40 países e verificou que, dentre todos, o Brasil possui o menor piso salarial de professores.
O relatório Education at a Glance 2021 informa que a média inicial do salário brasileiro na profissão é de 13,9 mil dólares anuais. O professor da ESPM Marcos Maurício Alves, membro do Sindicato dos Professores de Escolas Particulares de São Paulo, acredita que a desvalorização ocorre em outros países, mas no Brasil ela é salarial e profissional. “Acho que há uma desvalorização muito grande do professor no Brasil. Em outros países também existe, mas aqui além da desvalorização salarial (nítido na pesquisa da OCDE) há também a desvalorização do profissional. Vemos ministros afirmando que alguém só escolheu ser professor porque não sabia fazer outra coisa, vemos um presidente reclamar que há muito professor, vemos os professores serem tratados como inimigos do país. Isso faz, cada vez mais, que menos gente se interesse pela profissão. O magistério está realmente jogado para escanteio no Brasil de hoje”, afirma Marcos.
Para Fabiano Bonfim, professor da rede Anglo, o Brasil não valoriza a educação, pois segundo ele, para o governo é interessante ter um povo ignorante. Fabiano ainda completa que “O próprio povo fica contra a educação, por exemplo, o Paulo Freire é respeitado no mundo todo, mas no Brasil é atacado”.
O estudo divulgou também o salário real, que possui o acréscimo de pagamentos extras. Esse valor, porém, continua abaixo da maioria dos países avaliados, sendo um salário médio anual de 25.030 dólares para professores de educação infantil e de 25.366 dólares nos anos iniciais do ensino fundamental. Enquanto isso, a média dos salários observados no estudo são de 40.707 e 45.687 dólares respectivamente.
Tais dados fazem Marcos Maurício refletir sobre a importância de passar a chama do magistério para futuras gerações. “Acho importante, acho muito importante, mas ao mesmo tempo, vamos incentivar para algo que é tão desgastante e tão pouco valorizado? Eu incentivo sempre que posso, mas não é uma escolha fácil”, desabafa o professor.