Drauzio Varella entrevista Caco Barcellos para sua nova série
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Como parte de sua série Drauzio Entrevista, o médico Drauzio Varella entrevistou, na segunda-feira (25), na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, o jornalista e escritor Caco Barcellos. O projeto, realizado em parceria com a produtora Umzk, contempla entrevistas realizadas pelo médico com personalidades, como o ex-presidente da república Fernando Henrique Cardoso e o cartunista Maurício de Souza. Todo o material fica disponível em seu site oficial.
Barcellos, de origem muito simples, contou sobre sua infância em Porto Alegre, além das dificuldades que passou para acessar a rede de ensino. “Comecei a estudar muito tarde, aos nove anos, porque não tinha escola na cidade onde eu morava, mas tive uma infância muito feliz”, relatou.
Quando questionado por Varella sobre sua vocação para o jornalismo, Barcellos disse que sempre gostou de contar histórias e que, motivado por esse espírito, decidiu rodar a América Latina. Durante essa viagem, cobriu a guerra da Nicarágua, o que lhe rendeu seu primeiro livro, Nicarágua: A Revolução das Crianças.
Segundo o jornalista, sua paixão sempre foi o ramo investigativo, considerado ferramenta para denunciar erros e manipulações. Essas motivações o levaram a escrever seu livro de maior sucesso, Rota 66. Trata-se de uma série de relatos que revelam o extermínio feito pela polícia militar paulista. Foram cinco anos de pesquisas, incluindo conversas e negociações com criminosos e perícias nos corpos encontrados. Barcellos afirmou que as informações eram de difícil acesso, uma vez que as autoridades encobriam os fatos. Esse desafio gerou uma crise profissional: o autor acreditava que, se não conseguisse provar que o sistema era financiado pelo Estado, deveria abandonar a profissão.
Em sua trajetória profissional, Barcellos trabalhou em veículos da mídia impressa, como Isto É e Veja; aos 32 anos, entrou para a televisão. Atualmente, coordena o Profissão Repórter, na TV Globo, programa em que jovens jornalistas contam uma mesma história sob diversos ângulos, sob sua orientação. Barcellos enfatizou que a inquietude intelectual e o bom caráter são fatores essenciais para os membros de sua equipe. “Para quem está começando na profissão, o importante é respeitar. Você respeita para poder, então, ser respeitado”, afirmou.
Depois de quase 30 anos de carreira, Barcellos contou que o prazer que sentia quando começou a trabalhar não diminuiu. “Não penso em parar. Eu quero morrer trabalhando. Acho que vou continuar escrevendo, mas, mais do que isso, gosto de conhecer pessoas novas e de aprender com o outro a todo instante.”
Seu último livro, Abusado, retrata o tráfico na favela Santa Marta, no Rio de Janeiro, e está disponível em livrarias de todo o país.
Carla Fernandez, Fernanda Botteghin e Giovanna Vieira (1.° semestre)