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Autores contestam ditado que sugere escrever livro, plantar árvore e ter filho

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Ao lançar um livro, todo escritor deveria levar em conta o antigo ditado popular que diz que, para que a vida de alguém seja completa, é necessário levar à prática mais duas ações: ter um filho e plantar uma árvore. Como a ordem dos fatores não altera o produto, não importa a sequência das ações – o importante é realizá-las.

O ditado pode parecer verdadeiro para alguns, mas não deixa de despertar polêmica – inclusive entre quem, conscientemente ou não, já o tirou do papel. A equipe do Portal de Jornalismo da ESPM-SP entrevistou alguns autores, que deram sua opinião sobre o assunto. Confira:

Célio Romais

“Sim, sou um ser humano completo”

 

 

 

Em 1994, Célio escreveu o livro “O que é rádio em ondas curtas”, pela editora Brasiliense. Também tem uma filha de 10 anos e plantou uma árvore no sítio de seu pai. Acredita que é um indivíduo realizado. Porém, de acordo com suas próprias palavras, a vida impõe várias dificuldades. “O importante é estar bem consigo mesmo”, afirma.

 

 

Maria Estrella

“Não sei se essas três ações tornam um ser humano completo”

 

 

 

 

Para a autora Maria Estrella – que ainda não plantou uma árvore –, o amor, a família, a cultura, o trabalho, o caráter e uma casa são o que torna um ser humano completo. Ela se sente realizada por ter tudo isso e afirma não se incomodar pelo fato de ainda não ter levado 100% do ditado à prática. Maria escreveu o livro “Rádio Fluminense FM: a porta da entrada do rock brasileiro nos anos 80”, lançado pela editora Outras Letras.

 

 

Bernardo Ajzenberg 

“Para mim, esse ditado popular não passa de um mito”

 

 

 

 

 

Ajzenberg acredita que, mesmo realizando as três funções, está longe da completude. Já realizei as três  ‘premissas’ sim, e todas elas mais de uma vez”, conta. O mais recente livro que o autor escreveu foi “Olhos Secos”, pela editora Rocco.

 

 

Renata D’Elia

“Eu tenho certo medo dessa meta de publicar um livro, ter um filho e plantar uma árvore”

 

 

 

 

Renata cultiva um lado fatalista e supersticioso. Acredita que pode morrer a qualquer hora assim que fizer essas três coisas. Autora do livro “Os Dentes da Memória”, publicado pela Azougue Editorial, ela não tem filhos e apenas plantou pezinhos de feijão em copos. Imagina, assim, que uma crise se instalará quando ela perceber que se tornou um ser humano completo. “Vai ver que um ser humano completo fica liberado para viver só de lazer”, brinca.

 

Cleide Floresta

“A frase é bonita, mas acho que o ser humano nunca se sente completo”

 

 

 

 

 

Cleide não concorda com o ditado. Segundo ela, o ser humano vai se completando ao poucos. Autora do livro “Técnicas de Reportagem e Entrevista em Jornalismo (Vol. 3)”, publicado pela editora Saraiva, a autora diz que só lhe resta plantar uma árvore – porém, já se sente realizada. “Tem gente que não quer escrever nenhum livro, não quer ter filhos e menos ainda plantar uma árvore”, escreveu.

 

 

 Ayrton Mugnaini Junior

“Não basta ir pondo livros, filhos e árvores no mundo”

 

 

 

 

Mugnaini escreveu 20 livros, tem um filho e já plantou algumas mudas no quintal. Considera-se realizado, mas não concorda com o ditado popular. Em sua opinião, é necessário cuidar bem dessas três conquistas, não basta tê-las obtido. O livro mais recente de Mugnaini é “Breve história do rock”, publicado pela editora Claridade.

 

 

 

 

 

 As fotos são dos perfis do Facebook.

Talitha Adde (2º semestre)

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