Templos Religiosos – Capela dos Aflitos

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Gabriela Schiavo – (2º semestre)

Escondida em um dos becos do bairro oriental da Liberdade mais especificamente na Rua dos Estudantes, a capela Nossa Senhora dos Aflitos oculta um cenário que já foi palco de tortura e horror que hoje representa um complexo cultural afro brasileiro de religiosidade e romaria. Em meados de 1779, enquanto o Brasil era colônia portuguesa, foi construída no centro do primeiro cemitério público de São Paulo destinado para escravos e indígenas, a Capela dos Aflitos.

A fama da igreja se deve principalmente ao nome de Francisco José das Chagas, conhecido popularmente como Chaguinha. Cabo negro do primeiro batalhão de Santos no período do império português, Chaguinha teria liderado liderado uma revolta por melhores salários para os militares nacionais da época da independência. Por conta disso, o soldado foi executado no Largo da Força, atual Praça da Liberdade.

O intrigante da história de Chagas é a lenda por trás de sua execução. Pelo o que contam as histórias, na hora de seu entroncamento a corda arrebentou, não uma, mas três vezes. Isto fez o público que assistia ao ato de crueldade clamar pela liberdade do soldado em meio a grande agitação, foram estes gritos piedosos da multidão que mais tarde deram nome ao bairro oriental. Para consumar o ato então, o carrasco tomou o laço de um vaqueiro e executou Chaguinhas. Seu corpo foi sepultado na capela, e até hoje algumas pessoas visitam o local para fazer pedidos ou pagar promessas. O Largo da Força, não sediou apenas a execução de Francisco José das Chagas, e sim, de dezenas de escravos e indígenas que compartilhavam da mesma falta de esperança.

Com o passar dos anos, a pequena igreja caiu no esquecimento. A sua deteriorização resultou em um incêndio que destruiu grande parte das telhas barrocas do local, deixando-a ainda mais danificada é incapaz de receber mais de 20 fiéis por vez.

Com um olhar mais atento a estética e arquitetura da Capela dos Aflitos, nos deparamos com padrões remanescentes de construções eclesiásticas barroca do período colonial português e além de alvenaria possui também tijolos e concreto armado. Por dentro é tão pequena que os poucos fiéis que ela suporta se sentam nas escassas cadeiras ao lado do altar, uma vez que a frente já está quase na própria rua. O padre que reza missa é o mesmo da Capela das Almas dos Enforcados, outra igreja com forte peso cultural afro brasileiro.

Hoje em dia seu horário de funcionamento funciona de acordo com o dia da semana, contando com missas e sacramentos. Infelizmente, a Capela dos Aflitos se tornou um patrimônio praticamente esquecido pela população, porém sua existência é responsável por representar parte importantíssima da história do Brasil como colônia de Portugal.