O grafiteiro Mundano colocou a liberdade de expressão em discussão ao participar do último ciclo de palestras do TEDxESPM. Para ele, a comunicação deve ser feita nas ruas da forma mais livre possível e, por isso, o grafite ser uma atividade ilegal, pode-se escrever o que quiser. O grafiteiro afirma que, se o seu trabalho fosse autorizado, não teria a menor chance de dizer o que pensa. “Comecei a pintar na rua para botar pra fora minha angústia.” Mundano não se conforma com situações que o brasileiro encara como parte da normalidade do cotidiano, como o trânsito, a corrupção e a desigualdade. Por isso, sua missão é “mudar a cabeça” das pessoas que vivem nessa cidade cinza. O jovem passou a pintar muros, carroças, propagandas partidárias e até mesmo barcos; qualquer lugar em que a arte pudesse passar uma mensagem visando abrir os olhos da população é válido. Durante sua palestra, Mundano mostrou algumas de suas obras com frases irônicas como “Se político corrupto fosse reciclável, nós estaríamos ricos”, provocando aplausos da plateia. O artista chamou atenção também para o importante papel dos catadores de lixo da cidade de São Paulo, que são responsáveis por 80% do lixo reciclado na cidade, que não passa de 1% do total de resíduos dos paulistanos. Mundano afirma que seus projetos procuram canalizar a voz desses trabalhadores pouco valorizados. Para finalizar, o grafiteiro levantou a questão de quem é o verdadeiro criminoso: o artista que leva arte e cultura às ruas – mostrando dados de que 90% da população brasileira nunca foi a um museu ou exposição de arte – ou o político que tudo apaga transformando a cidade nessa “carcaça cinza”? Terminou com a frase: “Mais arte na cidade, vamos para a rua.” Foi aplaudido de pé. Leia mais no perfil de Mundano no Portal do TEDxESPM.
Natália Picanço (2º semestre)