Durante a Semana da Educação, saúde e autoconhecimento deram o tom das discussões – Foto: Laura Margutti
Laura Margutti (1º semestre)
“A educação sexual como forma de autoconhecimento” foi tema de uma das três palestras voltadas à conscientização sexual, realizadas pela ESPM Social, entre 2 e 4 de maio, na unidade Álvaro Alvim da ESPM, em São Paulo. Ocorrido no dia 3, no auditório Renato Castelo Branco, esse debate contou com a presença do sanitarista Allan Gomes de Lorena e da sexóloga Gabriela Marinho.
As atividades são parte da Semana da Educação, promovida semestralmente pela ESPM Social, que é uma agência de voluntariado universitário. Esta é a primeira vez que a sexualidade foi pauta do evento, mas deve ser retomada em outros momentos, em razão da relevância. “O evento foi pensado pela necessidade de falar sobre o assunto”, explicou Felipe Pasquareli, gestor da equipe da ESPM Social.
Pauta política – Lorena tem experiência na gestão de políticas públicas e é especializado em pautas LGBTQIAP+. Também é autor do livro “Sem perreco: a prevenção do HIV em fluxos, festas e bailes funk” (Hucitec, 2022), resultado de sua dissertação de mestrado. Ele abordou percepções extraídas de seu trabalho nas periferias de São Paulo, dando ênfase ao desafio de tratar sobre sexualidade e gênero nesse contexto.
“O que a gente foi fazendo? Rodas de conversa pra discutir gênero e sexualidade. A gente nem falava de sexualidade, na verdade, era de gênero. O que é o corpo cis, o que é o corpo trans, o que é corpo trans não binário. Além do corpo característico da periferia ser majoritariamente negro, ele também é trans. Então não dá pra falar sobre sexualidade em uma perspectiva cisgênera”, contou.
Atualmente, Lorena trabalha na gerência técnica de atenção primária a saúde, especialmente no Capão Redondo e no Jardim Ângela, na zona sul da capital paulista, respectivamente. Ele também destacou a necessidade do diálogo sobre educação sexual para a saúde pública e enfatizou que a comunicação é um meio para a conscientização sexual.
“A pauta da educação sexual é de todo mundo. É da família, é do adolescente, é do idoso, é de qualquer pessoa. E se a gente pensar o que a gente tem, dentro do município de São Paulo, dentro do Brasil, se discute pouco”, avaliou.
Tabu – Marinho, por sua vez, trabalha exclusivamente com atendimento em consultório. Formada em Psicologia há 10 anos, seu interesse em se especializar em sexualidade foi despertado ao notar a angústia das pessoas sobre o assunto e ao ouvir uma queixa sexual de um paciente.
“Dentro do consultório, existem várias técnicas para trabalhar com um paciente, e uma delas é o que a gente chama de psicoeducação. Tem pacientes que chegam querendo trabalhar uma questão ‘xis’, só que quando você vai entender o histórico, como essa pessoa se desenvolveu sexualmente, a história dela, você entende que ela vai precisar de uma psicoeducação”, explicou. “Já aconteceu de eu ter que levar um livro de anatomia para um casal ver e eles entenderem onde que é o quê”.
Para sexóloga, rodas de conversa e outras fontes de partilha de informações, como palestras, são ótimas formas de desconstruir ideias em relação à educação sexual.
#ParaTodosVerem: A foto mostra Allan Gomes de Lorena e Gabriela Marinho, sentados, durante o evento na ESPM. Gabriela gesticula, enquanto fala com o microfone na mão direita e é observada por Allan.