Rolandinho e Bruno Bock, do Canal Pipocando, falam sobre as mudanças após a pandemia

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Giulia Castro (1° semestre)

A Semana dos Cursos CA4D, na ESPM-SP, teve como objetivo trazer personalidades da comunicação para falarem sobre suas respectivas áreas. Uma das palestras contou com os youtubers e criadores de conteúdo Bruno Bock e Rolandinho, apresentadores do Canal Pipocando, que tem como tema principal o cinema e a cultura pop.

A palestra teve início com uma discussão sobre a evolução do cinema e do audiovisual nos últimos anos. “Se a gente pensar na evolução do cinema como plataforma, como mídia, antigamente as pessoas precisavam sair de casa, ir até uma sala de cinema, poque era o único local que detinha tecnologia de projeção”, aponta Bruno, ao discorrer sobre como atualmente o acesso aos filmes se tornou mais fácil com os serviços de streaming.

“Sem falar que o dinheiro, o ingresso. Tem cinema em São Paulo que você consegue pagar 90 reais em um filme. Com um ingresso de 40 reais, você consegue pagar dois serviços de streaming por um mês inteiro”, completou Rolandinho, destacando que muitas pessoas não têm um orçamento para ir ao cinema várias vezes e que, inclusive, muitos inscritos do canal comentam que separam um dinheiro específico para assistir dois ou três filmes no ano.

Após o debate, a palestra se tornou aberta a perguntas. Dentre os diversos presentes na chamada que fizeram as mais variadas perguntas, um dos participantes levantou a questão sobre se as pessoas vão passar a valorizar mais o audiovisual, e também se os youtubers acreditam que o público deixará de frequentar o cinema após o coronavírus.

Nesse contexto, Rolandinho aponta que nesse assunto ele e Bruno Bock discordam um pouco. “Daqui a 5 anos, 4 anos, 1 ano e meio as pessoas vão ter os desejos muito parecidos como de antigamente, elas não vão ficar no estigma de “ai, será que vai surgir uma pandemia do nada e eu estou no cinema com a primeira pessoa que tem a doença?”. Acho que não vai gerar um impacto onde as pessoas vão deixar de fazer o que faziam. O que pode acontecer é as pessoas adquirirem novos hábitos”, explica.

Por outro lado, Bruno Bock diz não concordar, e começa sua opinião brincando: “eu acho que a sala de cinema já era (sic)”. O apresentador do canal aponta que o que segura as salas de cinema hoje em dia são os caixas das grandes empresas. “Se não fossem essas grandes empresas, as salas de cinema já teriam acabado. Os cinemas de rua já estariam limitados às grandes capitais. Eu acho que agora foi o enterro do cinema.”. Bruno ainda usa como exemplo a Universal Studios que, a partir de agora, irá lançar filmes no cinema e no streaming. “O cinema, como sala, vai ser cada vez mais como o teatro, como um restaurante chique, que você vai pra apreciar o ambiente”.

No fim do bate-papo, os youtubers ainda comentaram sobre a experiência da interação via Zoom. “Isso aqui é novidade. Isso aqui tem muito a ver com o novo jeito que a gente vai interagir, se comunicar. Como que a gente não tinha pensado nisso antes, né? O quão proveitoso vai ser isso aqui. A gente não estaria com vocês hoje aqui, eu ia ter que pegar duas horas de carro. Agora, eu tô em casa o dia inteiro, tenho 3 vezes mais tempo pra fazer as coisas, atender os fãs”, aponta Bruno Bock, que também destaca a revolução do home-office e comenta que, em sua própria empresa, percebeu que seus funcionários podem continuar nesse modelo de trabalho em casa.

“Eu fiquei pensando que já dei várias palestras em escolas, e a gente tem a oportunidade de ouvir umas 7, 8 pessoas, isso quando tem bastante tempo. Mas aqui, mesmo que a gente tenha falado com umas 10, pelo chat, pelos ícones, as brincadeiras, os fundos que vocês colocaram, eu pude ver um monte de gente, que mesmo não tendo falado nada, participou”, finaliza Rolandinho.

A chamada, que aconteceu em maio, teve cerca de duas horas.