Relatos de um correspondente de guerra por Yan Boechat

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Laura Galvão e Luiza Vezzá (1º semestre) / Imagem: Julie Lara

Na última quinta-feira (7), o curso de Jornalismo da ESPM trouxe o jornalista freelancer correspondente de áreas conflituosas, Yan Boechat, para conversar com os estudantes do curso. O jornalista tem feito a cobertura da guerra entre a Rússia e a Ucrânia nos últimos dias.

No início da palestra, o mediador Leão Serva, diretor de jornalismo da TV Cultura e professor da ESPM, questionou Yan sobre o medo durante sua estadia na Ucrânia. Ele contou que o medo de se machucar é grande, mas que faz parte de “uma tranquilidade em aceitar a finitude da guerra”, ressaltou.

Logo em seguida, Leão deu espaço para os estudantes questionarem Yan sobre sua carreira internacional e suas experiências no dia a dia. A primeira dúvida foi sobre a proteção na guerra, por ele ser da imprensa. O repórter esclareceu que existem diversas patrulhas para avançar no território, mas garante uma posição segura partindo somente junto à terceira leva de soldados. Ao contrário do que muitos pensam, Yan alegou que guerra não é uma situação bagunçada e caótica, e sim muito organizada. Ademais, foi perguntado sobre qual é a experiência de viver em um país em conflito. O entrevistado conta que depende da guerra e do estágio em que ela está: os primeiros dias são repletos de movimentações das tropas militares e, portanto, os mais assustadores; além disso, revelou que nas últimas duas semanas, a Ucrânia está em um momento de tranquilidade, já que a Rússia conseguiu atingir parte de seus objetivos.

Na metade da palestra, Yan relatou que a cobertura jornalística é usada como instrumento de propaganda para os soldados. Assim, quando ele transita para outro lugar, acompanhado das tropas, os militares usam o intermédio que o jornalista possui com o restante do mundo para disseminar seus respectivos ideais.

Quando indagado sobre a imprensa nacional e se a mesma tomou partido da Ucrânia, o entrevistado disse que o ocidente comprou essa narrativa e o que acontece hoje é fruto de um conflito já existente, isto é, uma readaptação pós Guerra Fria.

Ao finalizar a palestra, Yan comentou que houve uma mudança na rede de comunicação entre os correspondentes, o vulture club, um grupo privado designado para aqueles que estão em um determinado conflito.

Também esclareceu questões sobre trâmites de contratação, custos, logística e relatou alguns episódios de sua carreira. Após o término da palestra, o jornalista foi entrevistado pela estudante de jornalismo do primeiro semestre e redatora do portal de jornalismo, Laura Galvão. A entrevista estará disponível no blog De Olho Na Carreira em breve.