O professor israelense Gabriel Weimann, da Universidade de Haifa, em Israel, visitou a ESPM, e proferiu a palestra “Terrorismo e novas mídias”, realizada em parceria com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. O professor falou sobre o crescente uso da internet e da tecnologia por parte das organizações terroristas. Além disso, alertou: “O Brasil deve ser alvo de organizações terroristas nos próximos anos”.
Weimann, que possui seis livros publicados sobre o tema, coordena uma ONG, financiada apenas por órgãos civis, que há 12 anos monitora os sites das organizações terroristas. Seus colaboradores visitam diariamente os sites monitorados, baixam os materiais disponíveis e criam arquivos de referência, para posterior análise do material. O número não para de crescer. Se em 1998 eram apenas 12 sites, hoje passam de 7.800 páginas. O motivo é a facilidade de comunicação que a internet conferiu aos terroristas, além do anonimato e interatividade que a plataforma oferece.
Por isso, a face do terrorismo atual, mostrada nas poucas fotos e vídeos divulgados pelas organizações, é dos líderes terroristas usando laptops e computadores, revelando um aparato tecnológico de vanguarda. Os dois principais objetivos desses terroristas são criar um estado de guerra psicológica, em relação à população do mundo todo, estabelecendo um domínio de medo e terror; além de auxiliar na propaganda, comunicação interna, recrutamento, treinamento e financiamento desses grupos.
Isso acontece, segundo Weimann, pois o terrorismo é, e sempre foi (desde que a palavra “terror” foi cunhada, na época da Revolução Francesa no séc. XVIII), um teatro do terror. Assim como no teatro, o terrorismo se utiliza de um enredo previamente escrito por autores, atores que representam a peça dentro de um cenário, tudo para que um espectador seja atingido. “Os alvos dos ataques terroristas não são as vítimas que perdem a vida ou se ferem, mas sim o espectador, que fica traumatizado e é afetado pelos acontecimentos”, acrescenta Weimann.
Terrorismo no Brasil
O Brasil, por sua crescente relevância econômica e política, pode se tornar um alvo de organizações terroristas, especialmente durante os grandes eventos esportivos que irão acontecer no país nos próximos anos. A Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 devem atrair o olhar de espectadores e turistas do mundo todo. “Poderá acontecer algo semelhante ao que ocorreu nas Olimpíadas de Munique, em 1976. Os olhos do mundo estão voltados para um lugar específico”, teme Weimann. Este papel de protagonista atrai os olhares dos terroristas, sedentos por evidência. Desta forma, Weimann recomendou que as autoridades brasileiras tomem cuidado com atividades terroristas, normalmente esquecidas.
Por fim, Weimann comentou o papel da imprensa na cobertura dos ataques. Para ele, a cobertura deve ser, acima de tudo, responsável. “O jornalista não pode ser usado pelo terrorista”, afirma. Para isso, o responsável por um ataque não pode ser glorificado ou martirizado. Além disso, é muito importante que as operações contra terroristas não sejam divulgadas, atrapalhando as operações de combate a esse tipo de ação.
Gabriel Garcia (2º Semestre)