Em dias em que hiper, super e mastermercados estão por todas as partes, na cidade de São Paulo, pequenos comércios resistem tanto ao tempo quanto à concorrência, inclusive às compras pela internet. Uma vitória e tanto, quando se pensa que outras questões também dificultam a vida dos empresários, como altos tributos.
Na Vila Mariana, é possível encontrar alguns pequenos estabelecimentos comerciais e clientes nas ruas envolvidos por uma atmosfera típica de uma cidade de interior. As ruas França Pinto, Rio Grande, Humberto I e Joaquim Távora são exemplos disso.
Paula Teixeira, 55 anos, moradora de um dos prédios da Vila, destaca a importância desses estabelecimentos. “Essas lojinhas são muito úteis para mim. São simples e baratas, sem aquele negócio de ‘compre e preencha um cupom’”. Ela ressalta também que é sempre bom conversar com os administradores desse tipo de negócio.
Apesar da modernização dos supermercados, das novas tecnologias, das compras on line, as antigas vendinhas resistem ao tempo. Na cidade de São Paulo, esse tipo de estabelecimento, mesmo investindo em melhorias, preserva tradições de diferentes culturas.
Japoneses
Em 18 de junho de 1908, chegaram ao Brasil os primeiros imigrantes japoneses, desembarcando no porto de Santos, trazidos pelo navio Kassatu Maru. Hoje, o País tem cerca de 1,5 milhões de nipo-brasileiros. Desses, 49,3% residem no Estado de São Paulo, de acordo com dados estimados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O empresário Jiro Okana, japonês de 63 anos, deixou o Japão e veio para o Brasil com sua família há pouco mais de cinco décadas. Seu pai, Ikiro Okana, abriu uma pequena vendinha na rua Humberto I, à qual seus descendentes dedicam esforços até hoje. Negócios simples que resistem ao tempo vendendo frutas, verduras e produtos de mercearia.
“Meu pai, Seu Ikiro, era uma pessoa muito séria. Quando decidiu que passaríamos a viver no Brasil, não sabia como iríamos ganhar a vida. Assim que chegamos a São Paulo, vimos a Vila Mariana como um possível futuro. Na época, só vendíamos frutas, pois eram mais fáceis de conseguir. Depois, passamos para outras variedades”, diz Seu Jiro.
“Quando meu pai faleceu, eu e meus irmãos assumimos a lojinha. Hoje, administro a herança de meu pai com toda a devoção que posso”, conta, emocionado. “Sou casado há 22 anos, tenho dois filhos e um neto. Acredito que quando minha vez chegar eles não vão deixar a parte da história da nossa família sumir. Essa lojinha é a nossa segunda casa”, conta Seu Jiro.
Arthur Badu (4º semestre)