Pelo Mundo ESPM – Museu da Imigração

O presente trabalho foi realizado para a disciplina de Fotojornalismo, orientada pelo professor Erivam Oliveira, durante o segundo semestre (2023-2), do curso de Jornalismo na Escola Superior de Propaganda e Marketing, ESPM - SP. O principal objetivo da atividade é que os alunos desenvolvam uma Foto-áudio Reportagem Arquitetura Paulista: Capital Cultural. (16.09.2023) - Julia Rodrigues Candiani

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Júlia Rodrigues Candiani – 2º semestre

A história do Museu da Imigração tem como ponto de partida o projeto da Hospedaria de Imigrantes do Brás. Após as primeiras leis abolicionistas, a imigração tornou-se uma saída para suprir a falta de mão de obra barata. Soma-se a esse contexto a situação de miséria e fome na Europa no fim do século 19 e início do 20. Assim, o Brasil, e mais notadamente São Paulo, principal produtor de café, desenvolveram políticas de imigração, nas quais se insere o sistema de hospedarias, criadas para acolher imigrantes que vinham trabalhar nas lavouras e no início da indústria.

Inaugurada em 1887, a Hospedaria de Imigrantes foi a primeira morada paulistana de milhares de estrangeiros e brasileiros de outros estados que escolheram viver em São Paulo. Suas principais funções eram acolher e encaminhar os imigrantes aos novos empregos. Para isso, o prédio contava com a Agência Oficial de Colocação e Trabalho. Além de alojamento, disponibilizava farmácia, laboratório, hospital, correios, lavanderia, cozinha e setores de assistência médica e odontológica. Para dar conta do grande número de pessoas, uma estrutura rígida foi pensada com fluxos e horários, envolvendo dezenas de funcionários.

Especialmente na década de 1930, a Hospedaria passou a acolher também trabalhadores migrantes de outros estados brasileiros. Na década de 1970, perdeu sua função original e em 1978 encerrou suas atividades. Em seus 91 anos de funcionamento, a Hospedaria abrigou cerca de 2,5 milhões de pessoas de mais de 70 nacionalidades, origens e etnias.

Ao chegar à Hospedaria, a primeira parada de imigrantes e migrantes era no serviço de recebimento de bagagens, essas importantes companheiras de viagem, com referências essenciais dos locais de origem de estrangeiros e brasileiros recém-chegados. Em malas, baús, sacolas e arcazes eram transportados itens considerados importantes para a manutenção de ritos cotidianos, como alimentar-se, vestir-se e trabalhar, além de objetos definidores de identidades: fotografias, diários, itens sentimentais ou de rituais. Perdê-los de vista à chegada na Hospedaria era perder parte da própria história e por que não, todo um patrimônio.

No primeiro andar havia quatro vastos dormitórios, com capacidade para abrigar 150 pessoas em cada, além de outros dois que ficavam no térreo. O mobiliário variou ao longo dos anos de funcionamento da Hospedaria: esteiras, camas e beliches serviram de leito para imigrantes e migrantes. Uma das principais preocupações era com a higiene, por isso as roupas de cama eram periodicamente trocadas e lavadas e a limpeza de chão, constante. Durante o dia, os dormitórios eram fechados, sendo permitida a permanência apenas dos que, por razão de idade, cansaço ou indisposição, necessitassem de repouso.

A coleção museológica é formada por objetos que foram recolhidos das instituições que ocuparam o prédio da antiga Hospedaria de Imigrantes do Brás ou doados por migrantes e seus descendentes, como: bagagens, mobiliário, objetos domésticos e de trabalho, documentos pessoais e indumentária.

A proposta é que o Museu seja um espaço de articulação, promovendo reflexões sobre a experiência do deslocamento e a construção da identidade paulista a partir de múltiplas origens.