A história de uma garota que adora brincar de vendas começa lá na Chapada da Diamantina, na Bahia. Toda a brincadeira torna-se realidade aos 9 anos, quando ela começa a acompanhar o pai na feira. “Quando ele me levou, me identifiquei”, ela afirma, com o brilho do amor pela profissão no olhar. E foi assim que a vontade de frequentar aquele ambiente toda semana floresceu. Com doze anos, ela já dava conta de ficar na barraca do pai sem supervisão, apenas com os irmãos. E nunca teve vergonha da profissão que escolheu.
A menina, que hoje é mulher, chama-se Cristina Santana de Almeida e tem 35 anos de muita felicidade. Da Bahia, veio para São Paulo e conheceu seu marido, que, para sua alegria, também é feirante. Sua voz transmite a satisfação, e seu sorriso costurado nos lábios não deixa dúvidas de que desenterrar suas memórias é algo que emociona.
As Flores
Há 17 anos, Cristina trabalha em São Paulo, mas faz pouco tempo que entrou num novo negócio, sem, entretanto, sair da feira. Há três anos vende flores. “Resolvi mudar porque tenho quatro meninos e eu queria tempo para eles”, diz. E completa explicando que esse negócio não exige tantas horas fora de casa quanto os outros. Para ela, essa foi a melhor escolha.
Cristina não tem como definir o que sente pelo seu trabalho. O sentimento que chega mais próximo, é, certamente, o amor. Ela conta que se não for à feira, falta um pedaço. “Eu sou feirante de sangue”, expõe seu orgulho para quem quiser ver.
A vida é calma nesse ramo e há uma formação familiar dentro desse ambiente. Os vizinhos de barraca E os clientes que sempre estarão lá, são sua família da feira. Cristina conta que há clientes que toda semana estão lá em sua barraca de flores e que mesmo quando não vão comprar, passam para desejar um bom dia. “Isso já é um presente”, afirma. Agora a Rua Estado de Israel, que é onde a feira acontece, é sua casa durante as quintas-feiras.
O orgulho da profissão ainda está no tom da voz. O brilho no olhar ilumina seu rosto. É com esse sentimento que ela completa dizendo que não quer largar seu trabalho. “Vai ser a feira para sempre, só saio se um dia alguém tirar de mim”, afirma.
Por Thayane Matos, 3º Semestre)