“Jornalistas não trabalham com opinião, mas com fatos”, diz repórter

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Mateus Lemos (2º semestre)

Flávio Ferreira, repórter investigativo da Folha de S.Paulo, diz que para este momento tão quente de crise política no país, devido à (operação) Lava-Jato, o jornalista deve trabalhar com o que realmente é comprovado: “Nós, jornalistas, não trabalhamos com opinião, mas, sim, fatos. O repórter realizou a declaração durante a 6ª Jornada de Jornalismo, realizada no última quinta-feira, 14 de setembro.

O jornalista explica que, para se conseguir um conteúdo com maior qualidade, é preciso um grande esforço e insistência para que não ocorra erros de apuração. O caminho é fazer a apuração mais exaustiva possível, obtendo mais fontes, logo, mais conteúdo.

Ferreira conta que, durante todo esse período de investigação e apuração que tem feito, os acusados não têm contado tudo para os procuradores, mas, sim, procurado os jornalistas para lhe contarem suas versões. “Tem muita coisa que os acusados não contam para os procuradores, mas contam para os jornalistas”, comenta.

O jornalismo é uma peça essencial para as investigações políticas, principalmente para esquemas de corrupção. Flávio conta que o Ministério Público abria uma apuração somente depois que os jornais fizessem uma denúncia. “ A partir da denúncia dos jornais, o MP iniciava uma investigação”, fala.

O jornalista também diz ser essencial que os profissionais da área estejam preparados para os imprevistos, tal como sua entrevista com o engenheiro da Odebretch, empreiteira que está envolvida no escândalo de corrupção da Lava-Jato. “A gente tem que dar chance para o improvável (…) essa entrevista com o engenheiro da Odebretch é algo que eu não contava”, conclui Ferreira.

A Operação Lava-Jato é o maior processo anticorrupção em andamento no Brasil. Ela se iniciou em 17 de março de 2014 (3 anos) e já foram realizadas mais de mil solicitações de busca e apreensão, tanto para prisões temporárias, quanto para prisões preventivas.

A Lava-Jato ganhou força a partir do momento que a mídia brasileira começou a levar em consideração que este fato era relevante para o público brasileiro. Logo, a percepção do público brasileiro de que o país havia entrado na maior crise política já vista, dependia de jornalistas.