Escritores aconselham novatos na 17ª Bienal Internacional do Livro, no Rio de Janeiro

Share

Walter Niyama (4º semestre)

A 18º edição da Bienal Internacional do Livro ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, no Riocentro, entre os dias 31 de agosto e 10 de setembro. Foi a Bienal com o maior número de visitantes já visto, registrando, aproximadamente, 680 mil pessoas durante o período. O evento reuniu muitos escritores, consagrados, famosos e iniciantes. Os estandes das editoras ofereceram seus produtos em promoção e promoveram sessões de autografo para os fãs.

Ainda no local tivemos palestras, bate-papos e interações de escritores, desde os que se dedicam exclusivamente para a literatura, até aqueles que possuem outros trabalhos. Com destaque para os youtubers com seus livros biográficos ou ficcionais que reuniram um grande público juvenil este ano.

Raphael Draccon e Carolina Munhóz participaram de um bate-papo a respeito da fantasia na literatura, comparando suas experiências no Brasil e no Rio de Janeiro. O auditório em que ocorreu ficou lotado por fãs, a maioria formada por adolescentes e jovens adultos. Raphael é autor de Cemitério de Dragões e Fios de Prata e Carolina é autora de A Fada e também de O Reino das Vozes Que Não se Calam.

Tanto Raphael quanto Carolina, que são casados, falaram de suas experiências e histórias para publicarem seus primeiros livros. O autor de Cemitério de Dragões contou como, em 2012, houve um “boom” de literatura infanto-juvenil e como isso foi proveitoso para os autores de fantasia daquele ano, inclusive para ele que nessa época tinha publicado Dragões de Éter.

“Originalmente eram sete livros, mas fui convencido de que, como eu era um autor iniciante, não fazia sentido tentar uma história assim, então acabou virando uma trilogia. Por isso acontece tanta coisa a cada volume”, explicou Raphael, rindo da lembrança.

Carolina Munhóz escreveu seu primeiro livro numa época de depressão, já que sofria bullying na escola. Ela contou como queria um livro em que ela e outras pessoas pudessem se identificar nas personagens. Nessa época, para promover sua obra, ela fez sua própria assessoria de imprensa, conseguindo que um livro de uma editora pequena de Campinas aparecesse em jornais de grande circulação.

Uma diferença da literatura fantástica nacional e nos EUA que Carolina destacou foi a grande presença de autores mulheres lá.

“Ali é ‘girl power’ mesmo, com escritoras nos painéis, e não é painel tipo ‘literatura fantástica sob a perspectiva feminina’, não, é só fantástica mesmo, e isso é bom porque tem esse preconceito de que mulher não escreve outro gênero senão romance, e espero que isso acabe refletindo no mercado brasileiro”, contou Carolina.

O casal de escritores vive em Los Angeles e falou como nos Estados Unidos os autores parecem serem mais unidos. Tendo eles já conhecido Veronica Roth, autora de Divergente e Jay Asher, de Os Treze Porquês.

A mudança de país foi estratégica, tanto para a carreira como autores. Raphael é roteirista e tanto ele quanto Carolina almejam participar da produção de um filme. A escritora de A Fada disse que, se há uma demora para o lançamento de um novo volume de Dragões de Éter, é por uma boa causa que irá agradar os fãs.

O casal de livros de fantasia entrou no auditório gravando toda a recepção calorosa com seus celulares após serem anunciados. Já a best-seller mundial, Karin Slaugther, na sua vez de usar o auditório, já se encontrava dentro, sentada ao fundo, isolada, como se fosse uma investigadora observando o ambiente ao seu redor. Isso durou até a hora em que foi anunciada e todos os presentes se viraram para ela, aplaudindo-a.

Em seu painel, Karin, autora de Esposa Perfeita e da série de livros do investigador Will Trent, ela falou sobre como em seus livros gosta de aprofundar seus personagens, fazer as pessoas se importarem com eles, mesmo que depois mate-os para desgosto dos leitores.

Questionada sobre como desenvolver personagens em uma trama que precisa manter o suspenso, ter um mistério, lógica para desvendar o crime e ainda ter cenas de ação, Karin disse que busca ir contra os clichês de thrillers com detetives de poucas falas e moças que são ou apenas a vítima ou a mulher que o protagonista se relaciona.

Ela recorda ainda dos livros de mistério do passado que não seguiam essa linha e do quão vasto é o universo thriller. Lembrando inclusive da renomada autora Agatha Christie, a usando também como exemplo de escritora mulher bem-sucedida.

Ainda sobre seu estilo de escrita, a autora de Esposa Perfeita, destacou o papel das mulheres em seus livros e a força delas, “Não gosto muito dessa palavra, mas sim, elas são empoderadas e eu gosto das mulheres apoiando umas às outras e não culpando como acontece em alguns casos. Uma pena que na última eleição tivemos um monte de pessoas de gênero feminino votando em Donald Trump, que assedia sexualmente mulheres”, lamentou a escritora.