Jornalismo empreendedor

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Carolina Ferraz, Isabella Galvão, Sabryna Grechi, Valentina Alayon, 3º. semestre

 

O empreendedorismo está em alta nos tempos de hoje. Em busca de alternativas para superar os desafios e potencializar as oportunidades, jornalistas estão se reinventando e encontrando no empreendedorismo novos rumos para atuar no mercado. Mas, para empreender, é preciso buscar meios que possam diferenciar seus projetos.

 

O jornalismo empreendedor aponta para a necessidade de os profissionais atuarem para redefinir sua atividade por meio da inovação e explorar novas oportunidades para ganhar a vida. É uma maneira pela qual os jornalistas podem se adaptar à era digital e lidar com a realidade econômica de sua profissão. Escrever e criar conteúdo multimídia ainda será a base do trabalho, mas o sucesso dos projetos dependerá acima de tudo de habilidades empreendedoras. Jorge Tarquini, professor de Empreendedorismo no curso de Jornalismo da ESPM-SP, contou que a partir do século XX começou a existir um declínio na oferta de empregos formais. Segundo Tarquini, o jornalismo tem visto um mercado de trabalho mais difícil e competitivo.

 

Ele cita que, a partir das ferramentas digitais, torna-se possível que as pessoas construam negócios e passem a empreender. Tarquini destaca, por exemplo, que os jornalistas estavam por fora da linguagem do YouTube e dos produtores de conteúdo. “O YouTube, na verdade, é um campo para os jornalistas hoje em dia. Empreender nessa área é muito bacana e a linguagem que está sendo utilizada na produção desses vídeos é mais uma ferramenta que pode ser explorada”. Um exemplo disso seria a jornalista Mari Palma, que trabalha na emissora CNN Brasil e nas horas vagas grava para seu canal no YouTube. Cada vez mais jornalistas estão migrando dos grandes veículos de comunicação e encarando o desafio de empreender, seja pela necessidade de dar novos rumos à carreira ou para driblar a crise econômica que atingiu o Brasil nos últimos anos. Relações precarizadas, demissões em massa, más condições de trabalho nas redações e salários reduzidos são apontados como os principais motivos para esses profissionais montarem seu próprio negócio. Para isso, no entanto, é preciso buscar alternativas que diferenciem o projeto. Ter ousadia, gostar do que faz e conhecer o mercado. Esse combo é a aposta dos jornalistas empreendedores com o objetivo de entender as novas configurações do mercado profissional.

 

Patrícia Guimarães Gil, professora da ESPM-SP em disciplinas de Comunicação Organizacional e Corporativa, acredita que o aprendizado de empreendedorismo dentro da faculdade é de extrema importância, visto que, cada vez mais, iniciativas empreendedoras estão presentes dentro do jornalismo.

 

“São elas que estão inovando o mercado jornalístico.” Além disso, Patrícia ainda diz que esses negócios empreendedores não sobrevivem sem uma comunicação eficiente baseada em fatos, inovação e boas relações com clientes. Portanto, eles dependem de um certo olhar jornalístico para poder se posicionar no mercado e aprender a dialogar com o público. “O jornalismo contribui muito para essas estratégias de comunicação.”

 

A professora acredita que a comunicação corporativa engrandece um profissional de jornalismo, pois permite que ele transite por diversas áreas dentro de uma organização. Patrícia coordena a oficina EmpreendaJor, que faz parte do Centro Experimental de Jornalismo da ESPM-SP (CEJor) e tem como objetivo proporcionar aos alunos oportunidades de desenvolver princípios, estratégias de comunicação corporativa, gerenciamento de crise e empreendedorismo.

 

Hoje, muitas agências, muitas empresas, que estão trabalhando com comunicação corporativa, querem um profissional que entenda esse processo, que tenha criatividade e que também consiga se planejar, que tenha uma formação mais ampla”.

 

Muitos alunos ingressam no curso de Jornalismo com uma ideia fixa sobre atuação em alguma área específica da profissão, como audiovisual, rádio ou redação. Entretanto, com a vasta gama de disciplinas e eletivas oferecidas pela instituição, incluindo matérias do DNA da ESPM como Fundamentos de Marketing, Análise de Dados e Empreendedorismo, muitos alunos se veem direcionados a outros rumos em suas carreiras.

 

Cacá Junqueira, ex-aluna da ESPM-SP, é uma dessas alunas. Ela ingressou no curso em 2011 com o intuito de seguir carreira em televisão. Entretanto, no decorrer dos semestres, se apaixonou pelo jornalismo literário e pelas redações, e juntou isso ao fato do sonho de abrir seu negócio próprio. “Eu queria muito que o jornalismo ainda estivesse presente na minha rotina quando eu saísse da faculdade, mas estava focada na monetização, e só consegui pensar nisso pela base que a ESPM forneceu sobre empreendedorismo.”

Com trabalhos como a cobertura do casamento real britânico para a revista Glamour, Cacá atualmente possui duas marcas próprias que surgiram a partir dos seus conhecimentos sobre empreendedorismo. A Contteur é uma empresa que conta histórias de casamentos, e a Pappelit é uma loja de presentes criativos. “Eu acho que empreendedorismo é isso. É conseguir trazer novos produtos, ressignificá-los, inovar aquilo que a gente já tem conhecimento, baseando-se no que o mercado pede”, resume.