“Herdei a atividade do meu pai”, relata pipoqueiro da Vila Mariana

Romeu Lacerda trabalha na rua há vinte anos e vende pipoca há oito. Foto: Otávio Cintra

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Romeu Lacerda trabalha na rua há vinte anos e vende pipoca há oito. Foto: Otávio Cintra

Mesmo com a eclosão e o sucesso das chamadas “pipocas gourmet”, assim denominadas por serem mais sofisticadas e com diferentes sabores, as tradicionais, vendidas na rua, ainda têm seu espaço no mercado. Na saída da escola, faculdade ou trabalho, nem todo mundo resiste à boa e velha pipoca feita na hora.

O cheiro de pipoca é forte. Com roupas confortáveis e informais, mas de forma alguma malvestido, Romeu Lacerda, de 39 anos, trabalha na Vila Mariana há vinte anos. Vende pipoca há oito, nas imediações do Centro Universitário Belas Artes e da ESPM. De pele e cabelos morenos, carrega consigo um sorriso humilde e simpático, fundamental na conquista de clientes.

Autônomo desde sempre, já trabalhou com os mais diferentes tipos de comércio de rua: água de coco, churros e caldo de cana. Além das queridas barracas de pastel.

“Herdei a atividade do meu pai, Antônio Lacerda. Ele vendia pipoca nesse mesmo lugar, antes mesmo de existir a Belas Artes. Entre 2006 e 2011, eu o acompanhei, até ele falecer”, diz.

A renda obtida por ele de, aproximadamente, dois salários mínimos mensais, é a prova de que as pipocas vendidas em carrinhos de rua fazem sucesso até hoje. Sem exercer qualquer outro tipo de atividade que lhe renda algum ganho financeiro, Lacerda diz que só abandonaria a atual se fosse aprovado em algum concurso público de seu interesse. Conta que abandonaria tudo por uma carreira polícia.

“Meu relacionamento com os moradores e estudantes da Vila é muito bom. O pessoal é muito legal, educado. Não posso reclamar da maneira que me tratam. Em outros bairros, a educação é outra. Acho que é a diferença de culturas”, afirma.

Amizade e clientela

A dez metros de Lacerda, encontra-se Aurélio Barbosa, vendedor de milho cozido. Amigos por causa da atividade comercial, eles se conhecem há quase uma década. Barbosa trabalha na rua há vinte anos, e há dez ele transita pela Vila Mariana.

“O Romeu é muito gente boa, gosto muito dele. Considero ele um irmão mesmo, embora a gente só conviva por aqui”, diz Barbosa sobre a relação amigável entre os dois.

Amanda Duarte, estudante de publicidade e propaganda, é fã da pipoca, já que a iguaria faz lembrar de seus tempos de criança. “Quando como, lembro da minha infância, das vezes em que fui ao circo”, conta.

Além disso, Amanda ressalta a qualidade da pipoca doce de Lacerda, que, segundo ela, não é tão grudenta, nem tão doce quanto as outras.

Thomas Aoki (2° semestre)