Com o objetivo de comemorar três décadas de existência do “Tec”, caderno de tecnologia do jornal Folha de São Paulo, o Grupo Folha promoveu, em março, um evento para debater uso das redes sociais e suas consequências atuais e futuras. Entre os convidados, Guilherme Ribenboim, diretor-geral do Twitter no Brasil, Marcelo Tas, apresentador do programa “CQC” na Band, Ronaldo Lemos, colunista da Folha e diretor do Centro de Tecnologia e Sociedade da Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ) e do Creative Commons Brasil, e Leonardo Tristão, diretor da operação brasileira do Facebook.
Tas iniciou o debate apresentando um material inédito, o “#quemsoueu”, que conta com tweets de vários internautas com opiniões, positivas e negativas, sobre o apresentador. Em referência ao diálogo e às interações humanas em rede, o apresentador afirmou: “comunicação não é o que eu falo, é o que vocês estão ouvindo”. E fez uma breve defesa às novas ferramentas de comunicação. “Nós acabamos dando poderes para coisas que são apenas isso: ferramentas”, explicou.
Ribenboim comentou que a criação do conhecimento se tornou mais participativa e colaborativa com a existência das redes sociais. “Imaginem se Albert Einstein vivesse hoje. Quantas não seriam as oportunidades de troca, com pessoas que poderiam colaborar com suas pesquisas?”, questionou. A disponibilidade de conteúdo aumentou de tal forma que, segundo o diretor-geral, há dificuldade para consumi-lo; outro problema é o gerenciamento das informações que o internauta deve ou não expor na internet: “Privacidade está se transformando num bem que as pessoas não sabem compartilhar.”
No debate, Ronaldo Lemos também alertou sobre os riscos no outro oposto, comentando os problemas sobre a liberdade de expressão no Brasil. “Em época de eleições, a constituição parece deixar de existir e há batalhas judiciais pela remoção de conteúdos nas redes sociais. Nesse período, em especial, a liberdade de expressão deveria ser reforçada e protegida, ao invés de combatida”. O colunista da Folha citou o exemplo do presidente do Google no Brasil, que chegou a ser preso em 2012 por não remover do YouTube vídeos contra um candidato à prefeitura de Campo Grande (MS).
O diretor do Facebook no Brasil apresentou dados relevantes sobre o crescimento da rede: em fevereiro de 2011, quando o escritório brasileiro foi aberto, havia 12 milhões de usuários ativos no País – hoje, são 67 milhões. “Isso mostra como o brasileiro adotou a plataforma. O tempo gasto na rede por aqui é superior à média mundial”, disse Tristão. “A gente também percebe que a companhia está investindo muito no Brasil, gerando oportunidades de negócios. Cada vez mais, as marcas querem se conectar com essas pessoas que estão utilizando o Facebook”, finalizou.
Opinião semelhante é a de Ribenboim, diretor-geral do Twitter, que aponta a diversidade socioeconômica como um fator de inserção do brasileiro nas redes sociais. “Culturalmente, o País adora se comunicar. Além disso, a oportunidade de a população de baixa renda entrar nas redes sociais é cada vez maior, criando uma pressão grande a favor do crescimento desse ambiente”, diz. “As redes sociais melhoram nosso país e melhoram o mundo.”
Luísa Almeida e Cláudia Costa (1º semestre)