Existe paz em SP: descubra dois refúgios na zona sul e seus frequentadores

“O Centro Cultural São Paulo é perfeito para encontrar a tranquilidade”, segundo a professora Cristina Gonçalves. Foto: Thayane Matos

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“O Centro Cultural São Paulo é perfeito para encontrar a tranquilidade”, segundo a professora Cristina Gonçalves. Foto: Thayane Matos

De um lado, o Centro Cultural São Paulo, um local recheado de cultura e liberdade. Um espaço destinado às pessoas dos mais diferentes gêneros, com diversos objetivos: estudar, descansar, dançar, jogar, ou simplesmente estar; esse é o caso da professora de português Cristina Gonçalves, de 27 anos. Do outro, a Fundação Logosófica preza pelo autoconhecimento do homem, tentando desvendar os mistérios do universo humano. É lá que o senhor Maurício Lemos, de 82 anos, procura uma razão de vida, fugindo do ócio que rodeia sua idade. Duas histórias diferentes, porém, entrelaçadas por um objetivo em comum: a paz.

 

Liberdade

“Todos nós somos energia e ela pode ser usada para o bem e para o mal”, afirma Maurício Lemos. Foto: Thayane Matos

Com seus cabelos cacheados e olhos atentos, Cristina observa o espaço ao seu redor. Admiradora do Centro Cultural desde os 13 anos, ela sabe que aquele é o lugar perfeito para se estar. “Aqui você pode simplesmente não fazer nada, e isso é uma dificuldade hoje em dia. E você não vai ser criticado por isso”, diz.

A professora aproveita esse tempo tranquilo para preparar as aulas que dará nos próximos dias. E o que chama a atenção de Cristina, além da tranquilidade, é a liberdade de estar em um local sem ser julgada. Ela explica que vê o Centro Cultural como um local onde as diversidades são aceitas. Existem espaços reservados para os mais diversos públicos. Para quem gosta de xadrez, de jogos, de dança, de livros, enfim, cada amador de determinada área encontra seu lugar. “Acho que o próprio formato do Centro Cultural contribui para que essas pessoas estejam nesses locais”, comenta. Essa é a paz que Cristina procura, e ela se sente satisfeita por encontrá-la onde no CCSP.

 

Fugir da tranquilidade

Em uma sala fechada da Fundação Logosófica, o ar-condicionado está ligado e priva os integrantes do sol que brilha lá fora. Mas isso não é problema, o que eles querem está dentro de cada um. O objetivo é se encontrar, ou pelo menos colocar o caos interno em ordem. Nenhuma religião é defendida, mas aquilo que é próprio de cada um será intensificado, e assim as pessoas ali presentes encontraram seu tipo próprio de paz.

O senhor Maurício está ali há pouco tempo. A ideia dele é fugir da tranquilidade da aposentadoria. Um homem que já fez educação física, química, já trabalhou em fábrica de oxigênio, vendeu máquinas de todo jeito, perseguido e reintegrado não vai querer a tranquilidade tão cedo, quer continuar na rotina agitada. E apesar de tudo isso, ele afirma que tem “uma vida muito boa”.

E a trajetória dele não se restringe apenas à capital paulista, Lemos nasceu no Rio de Janeiro, mas passou muito tempo em Manaus e em Minas Gerais, e há 36 anos veio para São Paulo. Apesar de ter sido perseguido por ter sido o vice-presidente do Sindicato dos Petroleiros em Minas Gerias em 1964, Maurício diz que tem muita sorte. “O conceito Hindu de sorte é quando o preparo encontra a oportunidade. Se você tem preparo e não tem oportunidade, não há o que fazer; e se tem a oportunidade mas não está preparado para aproveitar, também não adianta. Eu tive muita sorte na vida”, conta.

Sua filosofia agora é não só agradecer, mas retribuir aquilo que a vida o deu. “Retribuo fazendo o bem. Procuro, acima de tudo, não me tornar um velho inútil. Eu quero ser útil”, explica. Seu projeto atual é divulgar o Cristianismo, pois acha que o mundo precisa da divulgação do bom. E justamente por ser uma pessoa em busca da paz interior, se interessa pela logosofia. “Não adianta jogar semente em um terreno inadequado. A logosofia é isso, uma doutrinação da pessoa, mas que precisa que ela já esteja no estágio do querer”, diz.

Com resignação, Maurício mostra sua sabedoria e demonstra que a paz interior não é a única que deseja, quer fazer bem ao mundo. Sua fala é animada, carregando a vontade de mudar o mundo, de torná-lo um lugar bom para se viver. “A gente precisa de uma ideia que possa mudar e fazer o paraíso ser aqui”, finaliza.

 

SERVIÇO

 

Centro Cultural São Paulo

Rua Vergueiro 1000   –   CEP 01504-000

Telefone: 3397 4002
ccsp@prefeitura.sp.gov.br

 

Fundação Logosófica

Rua Coronel Oscar Porto, 818/ – Paraíso

São Paulo – SP

CEP: 04003-004

Telefone: (011) 3885-1476

Fax: (011) 3887-9480

Thayane Matos (5o semestre)